Cartas ao director

Proposta indecente

Devido ao seu ego desmedido, Jorge Jesus transformou-se num produto tóxico dentro do Benfica, contaminando a direcção e principalmente os jogadores da equipa. Ele de facto arrasou o balneário e a paciência dos adeptos usando a pandemia como desculpa para uma época anterior tão medíocre. Por fim, ele queria carinho, só assim se entende o episódio rocambolesco de receber os dirigentes do Flamengo em sua casa para ouvir as condições que o clube carioca tinha para oferecer, uma espécie de proposta indecente retirada de um filme e que signifique o fim dos seus problemas.

Emanuel Caetano, Ermesinde

Malabarismos das seguradoras

Estamos a viver uma época confusa em que com muita frequência visionamos publicidade enganosa, onde os argumentos utilizados conseguem convencer-nos da fiabilidade da comercialização de um produto fiável, mas onde as letras de dimensão reduzida escondem a clareza de que muitos cidadãos não se apercebem, sendo penalizados quando confrontados com ocorrências inesperadas, onde o apoio contratado é afinal inexistente.

As companhias de seguros são organizações estruturadas de forma pouco clara, onde o descuido ou a dificuldade de interpretação de linguagem bem elaborada, mas ao mesmo tempo confusa, pode dar origem ao atraso na conclusão de processos, onde os primeiros lesados em duplicado são aqueles que adquiriram o produto que era suposto corresponder ao contratualizado, mas que a interpretação confusa dificulta a resolução dos problemas.

Acabamos muitas vezes por ter de pagar a obrigatoriedade de um produto que não resolve problemas quando é preciso, e onde existem cláusulas de interpretação duvidosa que penalizam sempre quem paga à espera de nunca precisar, mas quando precisa, aqueles que seria suposto podermos contar com eles arranjam sempre forma de escapar às suas responsabilidades.

Américo Lourenço, Sines

Ó glória de mandar! Ó vã cobiça

Mais uma manifestação de profundo lamento sobre o episódio do afastamento do ex-chefe do Estado-Maior da Armada e, bem assim, sobre o acto de tomada de posse do seu sucessor.

O episódio dessa tomada de posse foi constrangedor e, na sua significância, revela o grau mais baixo a que se chegou no prestígio que é devido às Forças Armadas. A ausência do exonerado Almirante Mendes Calado na cerimónia de investidura do seu sucessor é um precedente cuja razão de ser mancha o Presidente, mancha o Governo e mancha o empossado. A falta de dignidade que se emprestou ao acto chocou-me vivamente. Há uma gravitas e um simbolismo próprio nas investiduras de altas figuras do Estado que jamais se pode perder. No caso, transformá-la num conjunto em actos administrativos de execução rápida, supersónica mesmo, desprovidos de significância, para que a cerimónia passasse o mais despercebida possível, significou apoucar as Forças Armadas.

Gouveia e Melo é o novo chefe do Estado-Maior da Armada. Chegou onde queria e trabalhou politicamente para isso. Foi calculista, foi premeditado, granjeou admiração e honrarias, falou e fez saber que tinham de contar com ele. Com a sua narrativa heróica contribuiu também para que o cumprimento de um dever indeclinável, se porventura merecedor de público elogio, fosse também objecto de glorificação.

Não usou de lealdade para com os seus. Não tem o meu apoio. Perdeu a minha admiração.

Rocha Peixoto, Lisboa

Pobreza e sem-abrigo

“Pobreza e sem-abrigo, impossível resignarmo-nos”, editorial do PÚBLICO de 26 de Dezembro, de Andreia Sanches, sinaliza dois dos maiores dramas da sociedade portuguesa. Com 18% da população no limiar da pobreza, o que pensa fazer o próximo Governo? Como é possível continuar a existir moradores das ruas no ano de 2021 da era cristã. Portugal vai receber dinheiro da “bazuca”. Os sem-abrigo vão continuar a “insultar o amargo coração da vida”, como escreveu Eugénio de Andrade? Marcelo Rebelo de Sousa deve preocupar-se mais com os deserdados. Bom ano para todos os que fazem do PÚBLICO um jornal interventivo socialmente.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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