Protagonistas diferentes, o mesmo FC Porto

Perante um Benfica ambicioso, mas frágil na defesa, os “dragões” não se ressentiram das ausências e venceram, fechando o ano de 2021 na liderança do campeonato.

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EPA/HUGO DELGADO

A vitória não foi tão fácil como há uma semana, para a Taça de Portugal, mas, com protagonistas diferentes, o FC Porto apresentou a mesma atitude e voltou a derrotar o Benfica, desta vez por 3-1. Num clássico da 16.ª jornada da I Liga marcado por ausências dos dois lados, os “dragões” não se ressentiram das baixas de Luis Díaz e Evanilson, e foram os seus substitutos (Pepê e Fábio Vieira) que começaram a construir a vitória. Pelo contrário, no primeiro jogo pós-Jorge Jesus, as “águias” nunca conseguiram disfarçar as ausências na defesa e, com o desaire, ficam a sete pontos da liderança, que continua a ser repartida por FC Porto e Sporting.

Uma semana depois de um duelo para a Taça de Portugal que ficou praticamente decidido a favor dos “dragões” ao fim de 31 minutos, o último clássico do ano ganhou um interesse redobrado pelos acontecimentos dos últimos dias no Estádio da Luz. Após colocar Jorge Jesus KO sem dificuldade, Sérgio Conceição tinha, no reencontro com as “águias”, dois problemas para resolver: encontrar uma solução táctica perante a ausência dos avançados em melhor forma (Luis Díaz e Evanilson) e preparar uma estratégia sem ter referências de como iria apresentar-se o rival.

Da parte que dependia do treinador do FC Porto, Conceição não inventou. Embora as soluções mais óbvias para substituir Díaz e Evanilson passassem por Pepê e Toni Martínez, o técnico não colocou o espanhol de início, lançando Fábio Vieira. A entrada do internacional sub-21 português abria a hipótese de Conceição replicar o 4x3x3 utilizado frente ao Sp. Braga. Porém, Vieira jogou bem adiantado, quase lado a lado com Taremi. E foi por aí que o FC Porto começou a ganhar o jogo.

O início mostrou, no entanto, um Benfica ambicioso. Com apenas um treino para preparar a equipa, Nélson Veríssimo, como se esperava, mudou a habitual forma dos “encarnados” jogarem. Sem Grimaldo, Otamendi e Darwin, o técnico surpreendeu ao não colocar as “águias” em 4x3x3, e, mostrando coragem, entrou no Dragão em 4x4x2, com quatro jogadores de bem ofensivos: Everton, Rafa, Gonçalo Ramos e Yaremchuk. Embora audaz, a estratégia ruiu pelas fragilidades defensivas da equipa.

Intenso e repartido, o clássico mostrou que o FC Porto criava oportunidades com mais facilidade e, logo aos 3’, Pepê e Fábio Vieira deram o primeiro sinal de que queriam assumir o protagonismo. Mesmo pressionante, o Benfica esbarrava na qualidade de Uribe e de Vitinha, que formavam uma barreira eficaz à frente da defesa, e, pelo contrário, na área contrária o FC Porto mostrava-se objectivo: aos 19’, André Almeida evitou o regresso aos golos de Taremi; aos 22’, Pepê viu o seu golo adiado por fora-de-jogo.

Com as rotações elevadas, João Mário teve que sair aos 28’ com uma lesão muscular e, cinco minutos depois, o Benfica teve uma oportunidade de ouro, mas Yaremchuk, isolado por Rafa, perdeu o primeiro duelo com Diogo Costa.

Na resposta, o FC Porto marcou. Perante alguma passividade benfiquista, os portistas foram rápidos após um lançamento e Fábio Vieira, com classe, fez o 1-0. Apenas três minutos depois, os “dragões” voltaram a não perdoar outro erro “encarnado”: aos 37’, Pepê aproveitou uma clareira no centro da defesa para marcar após cruzamento de Otávio.

Com dois golos de desvantagem ao intervalo, Veríssimo não mexeu e o Benfica precisou de um minuto para mostrar que ainda estava na luta - Yaremchuk reduziu para 2-1, após passe de Rafa. No entanto, as hipóteses de os “encarnados” saírem do Dragão com um resultado positivo começaram a esfumar-se quase de seguida: aos 49’, André Almeida viu o segundo amarelo e foi expulso.

Mesmo em inferioridade numérica, o Benfica ainda esteve perto do empate (Gonçalo Ramos, aos 63’), mas um par de minutos depois de Veríssimo lançar Seferovic, Pizzi e Taarabt, as debilidades defensivas das “águias” acabaram com o jogo. Aos 69’, após um canto portista, os benfiquistas perderam a bola à entrada da área. Vitinha agradeceu e ofereceu a Taremi, mais de dois meses depois, a hipótese de regressar aos golos.

A reacção do Benfica morreu aí. Ainda com 20 minutos para jogar, o FC Porto geriu até final o ritmo da partida e Sérgio Conceição igualou um registo histórico de Bobby Robson: 44 jogos consecutivos sem perder no campeonato.

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