A Venn dá-te o que precisas para cozinhar um prato vegan, num kit sustentável e entregue em casa

A Venn nasceu na Baixa do Porto e entrega kits de ingredientes orgânicos para que possas fazer receitas vegan e saudáveis, inspiradas nas várias gastronomias do mundo, de forma sustentável.

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Nem sempre é fácil encontrar os ingredientes necessários quando se deseja experimentar uma receita menos tradicional e sem produtos de origem animal. Na Baixa do Porto, a 170 metros do Mercado Temporário do Bolhão, há uma empresa que entrega caixas com produtos orgânicos e sustentáveis para que qualquer pessoa possa experimentar receitas vegan inspiradas na gastronomia do mundo, sem desperdício.

A Venn foi criada em Agosto por três amigos, Snider Rodrigues, Natacha Meunier e Julian Fernandes, que se preocupam “não apenas com a comida que é consumida, mas com a forma como ela é produzida”, afirma o primeiro, que recebe o P3 no andar de cima da loja, no escritório, onde costuma trabalhar. Ao mesmo tempo, tentam “influenciar as pessoas a experimentar a gastronomia de outras culturas”.

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Co-fundador da Venn, Snider Rodrigues Adriano Miranda
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Sneider Rodrigues na loja Venn Adriano Miranda

Todas as semanas, a equipa da Venn disponibiliza, gratuitamente, no seu site, quatro receitas. O cliente, por sua vez, pode personalizar a sua Venn box, escolhendo entre duas e quatro receitas e o número de refeições pretendidas. O produto final, que pode ser recolhido na loja ou entregue em casa, nos distritos de Porto, Braga e Aveiro, é uma caixa que contém as receitas escolhidas e os respectivos ingredientes, já doseados nas quantidades necessárias, para que não haja desperdício de comida, e guardados em embalagens 100% recicláveis.

Como incentivo a escolhas de compra mais sustentáveis, o preço é reduzido em 10% para quem vai buscar os produtos directamente à loja. Assim sendo, o preço mínimo varia entre os 22,5 ou 25 euros por cada Venn box. Para além disso, tentam sempre “encorajar o cliente a devolver as caixas de cartão e os frascos de vidro, para fazer a reutilização dos mesmos”, conta Sandra Esteves, uma das funcionárias da empresa, enquanto arruma uma box com o slogan Think before you eat”.

Os ingredientes, que vêm parar diariamente a este pequeno armazém na Baixa, são todos de origem vegetal, provindos de cultivos, acima de tudo, sustentáveis e, sempre que possível, orgânicos e nacionais. Indiano, a viver em Portugal depois de uma passagem pelo Dubai, Snider Rodrigues explica ao P3 que, por vezes, “é preciso fazer um balanço entre o orgânico e o sustentável, visto que o orgânico pode significar um grande desperdício de água”, algo que não querem promover. Por essa razão, espera em breve conseguir utilizar o pequeno terraço da loja, que usam nos seus tempos livres para “apanhar ar”, para cultivar algumas ervas aromáticas, através da agricultura em ambiente controlado, uma nova tendência, mais sustentável, dentro do sector da agricultura.

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Os ingredientes são todos enviados na dosagem ideal para a realização da receita. Adriano Miranda
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Os ingredientes para cada receita são entregues o mais organizadamente possível para que seja fácil identificá-los Adriano Miranda

Para já, têm “muitos fornecedores”, explica Sandra, uma das poucas portuguesas da equipa, responsável por esse departamento. Todos os produtos frescos são nacionais, contudo, em relação aos produtos de origem estrangeira, pode ser preferível ir buscar ao país de origem, onde sabem que são produzidos de forma sustentável, como é o exemplo do coco”. “É preciso fazer um trade-off entre os valores”, esclarece.

As receitas, totalmente originais, são pensadas por Monika Bloch, uma polaca que adapta a cozinha do mundo à tradição portuguesa. O maior desafio, revela, é adaptar o uso das especiarias ao paladar português, que diz estar habituado a uma cultura gastronómica em que os sabores vêm dos ingredientes por si só, principalmente a carne: “O que tento fazer é incluir [as especiarias] nas receitas em pouca quantidade e aos poucos.”

Em breve, espera adicionar sobremesas ao cardápio, até porque elas são o seu forte, diz, sorrindo para Snider, que confirma a informação. Nos últimos tempos, a prioridade têm sido as receitas natalícias (tofu com broa, arroz seitanito, lazanki e estufado), entre outras que são disponibilizadas semanalmente, como a salada de grão-de-bico ao estilo libanês ou o ramen com cogumelos shitake, tahini e pak choi.

A aposta no veganismo, diz Snider, “é uma questão de filosofia: “Todos temos diferentes motivações sobre este estilo de vida”, conclui. “Solo, planta e água” são as bases que sustentam a Venn e servem de inspiração ao nome, que representa um diagrama matemático que “simboliza a intercepção de duas ou três entidades juntas”.

Aos poucos, novos passos estão a ser dados na direcção da alimentação sustentável por esta startup. O co-fundador, que é vegan há três anos, confessa que a equipa se encontra de momento a estabelecer os primeiros contactos com grandes empresas que sentem a necessidade de alargar as opções alimentares para os funcionários: “Estamos contentes com o que estamos a concretizar.”

Texto editado por Amanda Ribeiro

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