“Nada contra, mas...” Estes são os vídeos mais vistos (no P3) em 2021

Um glaciar a derreter à frente dos nossos olhos e um ballroom que celebra todas as poses da comunidade queer. Três dos testemunhos da série “Nada contra, mas” entram no top 5 — para ver sem preconceitos.

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Antes de vir para Portugal, Samara Washington achou que a língua ia facilitar a comunicação. Não precisou de muito tempo para esbarrar com o preconceito: desde recusarem-se a falar com ela em situações profissionais por causa do seu sotaque a acusarem-na de ter vindo “roubar maridos”. O testemunho é o quinto da série “Nada contra, mas”, publicada em Agosto.

Nos anos 80 os ballrooms já abanavam Nova Iorque. Em 2021, a libertação de corpos segregados que, numa pista, mostram quem são através do voguing, do desfile, da pose, chegou ao Porto. E Nala Revlon quer expandir a comunidade ao resto do país.

“Acho que estamos nesta fase de dar voz, de dar espaço a todas estas manifestações que sempre foram altamente periféricas e segregadas. É muito mais do que uma dança. É toda uma comunidade de vida”, resume uma das pessoas que participam na sessão. A festa está só a começar. Espreita-a também aqui, em imagens.

Uma equipa de realizadores, especialistas em glaciares e em comunicação de Ciência, instalou duas câmaras no glaciar Breidamerkurjokull, na Islândia — que lá ficaram durante seis semanas e captaram o gelo a derreter, durante o Verão, a uma velocidade considerada surpreendente. Para Kieran Baxter, professor de Design de Comunicação da Universidade de Dundee, na Escócia, “imagens como esta deveriam ser um alerta”. “As alterações climáticas já estão a provocar consequências terríveis em todo o mundo e temos que assumir a responsabilidade por isso.”

Ricardo Cabral nasceu português há 32 anos. Não sabe precisar quando foi, mas a certa altura começou a pensar que era um português “diferente” pela forma como era tratado. Um português “negro”. “Eu, por diversas vezes, já fui a centros comerciais ou lojas e consegui sentir que era alguém não desejado. Muito novo, não sei com que idade, apercebi-me que era um perigo para algumas pessoas.”

Apesar de o sentir na pele “basicamente todos os dias”, Ricardo Cabral chegou a duvidar da existência do racismo, tal era a dissonância entre aquilo que sentia e aquilo de que se falava. Afinal, o problema era outro: “Cá em Portugal, falar de racismo é tabu.”

Portuguesa e cigana “com muito orgulho”, Vanessa apresenta-se, aos 25 anos, como aquela que veio ao mundo para “quebrar as histórias repetitivas” das mulheres na comunidade cigana e acabar com os estereótipos entre os portugueses.

Contrariando as ideias associadas à comunidade cigana, Vanessa prosseguiu os estudos e ainda não se casou. Ao início, foi difícil convencer os pais, mas a irmã mais nova já não precisa de implorar para poder continuar a ir à escola. As barreiras são para ser levantadas, uma a uma, primeiro em casa, depois na comunidade, mais tarde no país. Não é só o dicionário que Vanessa quer mudar.

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