Aceleração digital: tecnologia, optimização de processos e talento

A transformação digital das empresas em destaque no artigo de opinião de

Rui Gonçalves, Technology Consulting Partner da KPMG

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Há muito tempo que a transformação digital é assunto na agenda de inúmeras organizações e tem sido causa de vários investimentos em tecnologias, na expectativa de obter rapidamente ganhos de eficiência e de competitividade associados à digitalização e à automação de processos ou à geração de receitas de produtos e serviços digitais.

A pandemia da COVID-19 veio revelar que muitos desses investimentos demoraram mais do que o previsto ou que não produziram os resultados pretendidos. E que, apesar dos enormes esforços em automação e robotização. As pessoas e o talento continuam a fazer diferença.

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A aceleração digital passa por entender e optimizar os processos de negócio antes de os começar apressadamente a digitalizar e automatizar. Rui Gonçalves, Technology Consulting Partner da KPMG

Passados dois anos do início da pandemia, ainda se sentem os impactos na forma como se faz negócio. Esta “nova realidade” fez sobressair muitas ineficiências latentes em muitas organizações - incluindo as que já tinham iniciado ambiciosos programas de transformação digital -, porque não estavam preparadas para operar com todos os intervenientes remotos: clientes, colaboradores e parceiros. Processos não integrados, partidos e com pontos críticos assentes em intervenções manuais são ineficientes neste contexto, ou simplesmente não funcionam!

A COVID-19 forçou as organizações a dinamizarem rapidamente as suas operações de negócios da noite para o dia. De acordo com um estudo recente da KPMG, realizado em parceria com a Forrester, cerca 66% dos responsáveis pela transformação nas empresas referem que os investimentos em modelos operativos alavancados por automação e inteligência artificial foram antecipados meses ou mesmo anos. E 61% indicam que anteciparam, igualmente, os investimentos em iniciativas direccionadas para a melhoria da experiência digital de clientes e parceiros.

A necessidade de rever a forma como abordaram a digitalização e a automação resulta que – independentemente do tema da COVID-19 - muitas empresas não conseguem identificar as melhorias de processo críticas nas operações e na experiência dos clientes. Segundo a Forrester, quatro em cada dez tem lacunas nos seus processos e exigem muita intervenção manual. Temos exemplos de clientes nos quais as iniciativas de transformação digital estão emaranhadas em processos mal compreendidos e o investimento em qualquer tecnologia será insuficiente para alavancar os recursos. Ou seja, a aceleração digital passa por entender e optimizar os processos de negócio antes de os começar apressadamente a digitalizar e automatizar.

A digitalização pode criar novas fontes de valor no contexto actual, mas será necessário envolver mais as equipas e tirar melhor partido do conhecimento e do talento das pessoas. De acordo com o recente KPMG CEO Outlook 2021, a resposta à pandemia fez com que, além da necessidade de aceleração digital das operações e dos processos, os líderes empresariais estejam a repensar o papel que os colaboradores desempenham no futuro dos seus negócios. O avanço tecnológico é vital para que manter a competitividade, mas contratar pessoas talentosas, o treino e a formação adequada serão factores que vão continuar a ser importantes.

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