Depósitos dos particulares atingem novo máximo histórico

Desde o início da pandemia, em Março de 2020, os particulares aumentaram os seus depósitos junto de bancos em 19,7 mil milhões de euros. Empréstimos crescem.

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Poupanças dos portugueses crescem, mas boa parte do dinheiro continua deixado em depósitos à ordem Pascal Lauener

As poupanças dos particulares depositadas nos bancos a operar em Portugal aceleraram um pouco mais em Novembro, ascendendo a 171,9 mil milhões de euros. Trata-se de um novo máximo histórico, explicado em boa parte pelo efeito dos subsídios de Natal, mas também alguma retracção no consumo.

Desde o início da pandemia, em Março de 2020, a poupança dos particulares em contas bancárias aumentou 19,7 mil milhões de euros, revela o Banco de Portugal (BdP).

Os dados divulgados nesta quarta-feira mostram um crescimento homólogo de 7,1% nos depósitos, um crescimento ligeiramente superior aos 6,9% de Outubro.

Continua a verificar-se um forte crescimento dos montantes deixados em contas de depósito à ordem, que cresceram 15,1% face ao mesmo mês de 2020. As baixas taxas de juro dos depósitos a prazo, muito próximas de zero, explicam esta imobilização nas contas à ordem, onde não é pago qualquer rendimento.

As poupanças dos particulares crescem, mas o recurso ao crédito também. Em Novembro, o montante total de empréstimos aos particulares para habitação cresceu 4,4% em relação ao mesmo mês de 2020, para 96,6 mil milhões de euros, mantendo o ritmo de crescimento do mês anterior.

Em aceleração estão também os empréstimos ao consumo, com um crescimento de 2,2% relativamente ao período homólogo, para 19,2 mil milhões de euros, o que compara com 1,7% registado no mês anterior.

Boas notícias para bancos é a redução do crédito em incumprimento. “Em Novembro, 1,5% do stock total de empréstimos dos bancos aos particulares estava em incumprimento, atingindo um novo mínimo histórico”, avança o supervisor, acrescentando que “para a redução deste rácio contribuiu, maioritariamente, a diminuição do rácio de empréstimos ao consumo e outros fins que se encontram em incumprimento (reduziu 0,7 pontos percentuais face ao mês anterior, para 4,6%).

Mas, para os particulares, a redução da taxa de incumprimento não é necessariamente boa, uma vez que aqueles empréstimos deixaram de estar registados no balanço dos bancos devido à venda de empréstimos e à conversão em empréstimos abatidos ao activo.

No caso da venda de carteiras de malparado, que vários bancos têm vindo a anunciar, são as empresas compradoras que vão tentar cobrar esses valores, um processo bem mais difícil para os particulares, que têm de pagar os créditos em dívida de uma só vez para evitar a penhora de bens e salários.

Depósitos das empresas crescem 15,8%

Os depósitos realizados pelas empresas também aceleraram em Novembro. A taxa de variação anual cresceu 15,8% em relação a igual período 2020, para 60,1 mil milhões de euros, acima de um crescimento de 14,0% no mês anterior, atingindo, tal como no caso dos particulares, um novo máximo histórico.

Em desaceleração esteve o montante total de empréstimos concedidos às empresas, que cresceram 4,7% em relação a Novembro de 2020, para 76,0 mil milhões de euros, abaixo dos 4,9% do mês anterior. O ritmo de crescimento destes empréstimos diminuiu pelo sétimo mês consecutivo, avança o BdP, e é transversal às micro e às pequenas e médias empresas, “e não era tão baixo desde Abril de 2020, mês após o qual foram disponibilizadas linhas de crédito de apoio às empresas no âmbito da pandemia.

Apenas os empréstimos concedidos às grandes empresas aceleraram 0,2 pontos percentuais, para 2,3%.

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