Rio defende que todos os partidos devem estar disponíveis para negociar a viabilização de um governo minoritário

O líder social-democrata afasta um governo de bloco central e rejeita qualquer entendimento com o Chega no pós-legislativas.

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Rui Rio disponível para entendimentos com o PS e com outros partidos, com excepção do Chega Anna Costa

O presidente do PSD está disponível para negociar com “o PS ou com outro [partido, com excepção do Chega] “, num cenário de não ter maioria nas eleições legislativas do próximo mês, e afasta um governo de bloco central. “Bloco central ninguém vai fazer”, garantiu Rui Rio.

Em entrevista à CNN Portugal, que será transmitida a partir das 22:00 desta terça-feira, o líder social-democrata foi confrontado sobre a possibilidade de haver uma negociação com António Costa no pós-eleições e, a este propósito, mostrou abertura para negociar não só com os socialistas como com outras forças políticas do Parlamento.

“Com ele ou com outro, ninguém está a dizer que vou negociar com o Partido Socialista”, declarou, precisando que tem afirmado que “não havendo uma maioria absoluta, todos devem estar disponíveis para negociar”. E recorreu ao PCP para dizer que Jerónimo de Sousa “tem algumas linhas vermelhas” assim como todos os políticos “quando são honestos e sérios na negociação”.

Assumindo que uma das suas virtudes e também um dos seus defeitos é a “coerência”, Rui Rio frisou que não o podem acusar de falta de coerência e tratou de dizer que para descobrirem uma incoerência no seu discurso, “normalmente têm de deturpar o que disse”, e deixou uma farpa em jeito de aviso já para a campanha das legislativas, ao afirmar que a sua “área de especialização não é ser um diplomata”.

Esta segunda-feira, também em entrevista à CNN Portugal, primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, afastou uma possível negociação de acordo para dois anos com Rui Rio depois de 30 de Janeiro, tendo em vista a viabilização de um governo minoritário. “É um cenário que nunca se colocará”, assumiu António Costa.

“A proposta de Rui Rio é uma proposta de quem não tem experiência de acção governativa. O que propõe é que haja uma espécie de um acordo provisório para os próximos dois anos, mas o país não precisa de acordos provisórios”, declarou.

O actual primeiro-ministro fala num acordo para dois anos, mas esse cenário não foi colocado por Rui Rio. O presidente do PSD pediu ao PS que clarifique se está disponível para viabilizar um Governo social-democrata, “preferencialmente para a legislatura, que pode ser avaliado a meio”.

Numa publicação no Twitter, nesta terça-feira, Rui Rio rejeitou que alguma vez tenha proposto um Governo para apenas dois anos. “Nunca propus um acordo parlamentar por apenas dois anos. Disse que devia ser de quatro e que se podia avaliar a meio. Aos 18 minutos da entrevista isso é claro. O dr. António Costa e alguma comunicação social estão intencionalmente a distorcer o que eu disse”, escreveu Rui Rio.

Rio não quer captar o voto no Chega

Ainda na entrevista à CNN Portugal, o ex-presidente da Câmara do Porto deixou claro que não pretende captar o voto do eleitorado do Chega e chegou a invocar o seu passado de combate à ditadura para se distanciar da extrema-direita portuguesa.

“Não quero o eleitorado do Chega porque o Chega teve um vírgula poucos por cento [1,29%]. É uma coisa mínima. Neste caso, eu quero é manter eleitorado que é do PSD no PSD e que ele não fuja para a extrema-direita”, reforçou o social-democrata na entrevista.

Depois de o último congresso do partido ter decorrido sob o lema “Portugal ao Centro”, Rui Rio tratou de afastar qualquer hipótese de acordo com o Chega mesmo que seja a única forma de alcançar uma maioria de direita após as legislativas, recordando mesmo o seu passado antifascista para se demarcar da extrema-direita portuguesa.

“Comecei nisto [da política] ainda antes do 25 de Abril, contra o Estado Novo, que tem o trajecto que tem, ninguém pode ter medo que aceite o que quer que seja de qualquer partido, de qualquer interesse, contra aquilo que são os princípios fundamentais da liberdade, do Estado de Direito, da solidariedade, do respeito pelas minorias”, observou.

O presidente do PSD fez mesmo questão de sublinhar que não tem qualquer simpatia pelo Chega, partido que conquistou 1,29% dos votos e quase 68 mil votos nas legislativas de 2019, elegendo um único deputado, André Ventura, líder do partido.

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