Antigos parceiros da “geringonça” desiludidos com mensagem de Costa

BE, PCP e PAN esperavam que o primeiro-ministro falasse sobre os “problemas do país” na mensagem da quadra festiva

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António Costa centrou a sua mensagem de Natal na pandemia de covid-19 Nuno Ferreira Santos

O Bloco, o PCP e o PAN – os antigos parceiros do PS no Parlamento mostraram-se desiludidos com a mensagem de Natal do primeiro-ministro, apontando omissões sobre os vários “problemas” que o país enfrenta.

A tradicional mensagem que António Costa proferiu este sábado, na RTP1, foi praticamente dedicada à pandemia da covid-19, com elogios aos profissionais de saúde, e assumidamente “contida” por causa do período pré-eleitoral.

Foi um “discurso monotemático”, apontou o líder da bancada bloquista, Pedro Filipe Soares, que queria ouvir uma palavra sobre os “professores que faltam nas escolas e de como isso afecta as famílias”, sobre as “alterações climáticas” ou sobre o “combate ao crime económico” num ano “marcado, por mais uma vez, pelas fraudes milionárias”. Numa mensagem vídeo enviada às redacções, Pedro Filipe Soares referiu ainda a omissão sobre a “precariedade laboral”.

A ideia é também partilhada pelo líder da bancada comunista, que esperava uma “perspectiva de resposta global aos problemas do país e do povo português”. João Oliveira referiu-se concretamente à “situação de milhões de portugueses” que, nesta quadra festiva, atravessam “problemas de desemprego, de baixos salários ou baixas pensões, de horários de trabalho desregulados ou precariedade laboral, de falta de acesso à habitação ou risco de a perder, ou de falta de creche para os seus filhos”.

Num vídeo enviado às redacções, o líder da bancada comunista assinalou que António Costa se limitou a falar sobre o SNS e a elogiar os profissionais – o que é “merecido” –, mas defendeu que o importante seria avançar com uma “concretização de medidas” na resposta à pandemia como o “reforço das equipas de saúde pública, a contratação de mais profissionais de saúde, a recuperação das consultas, dos exames e das cirurgias que ficaram em atraso ou até do pagamento do subsídio de risco aos profissionais de saúde”.

A ausência de uma indicação no sentido de uma “efectiva valorização das carreiras” dos profissionais de saúde, “das condições em que trabalham e de um maior investimento no SNS” é também a falha apontada pela porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, à mensagem de Natal do primeiro-ministro.

A deputada queria ainda ouvir por parte do primeiro-ministro uma “preocupação” e um “compromisso efectivo” no combate à pobreza e uma palavra sobre “um dos grandes desafios” dos tempos actuais – a crise climática. “O problema ambiental não desapareceu como pano de fundo e, também por isso, este deve ser um Natal mais sustentável”, afirmou, defendendo “menos consumo e menos desperdício” nesta quadra festiva.

"Propaganda” e o “mal da pandemia"

À direita, as críticas também se fizeram ouvir, em particular sobre a forma como António Costa centrou o discurso na pandemia. O vice-presidente do PSD, André Coelho Lima, considerou que “passou a ideia de que a pandemia é o mal principal” do país, o que “não é verdade”.

Na mesma linha, a dirigente centrista Filipa Correia Pinto, apontou a intenção do primeiro-ministro de querer “resumir Portugal à covid ou ao medo da doença”, rejeitando o “confinamento político em que António Costa quer encerrar” o país até às legislativas.

João Cotrim de Figueiredo, líder da Iniciativa Liberal, disse ter assistido a uma mensagem de Natal “sem esperança, sem futuro”, acusando o primeiro-ministro de “não perder uma oportunidade para fazer propaganda”.

Também o presidente do Chega, André Ventura, defendeu que a declaração do primeiro-ministro não traz “nada de novo” e demonstrou uma “incapacidade” de António Costa se responsabilizar pelos problemas do país.

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