Papa encoraja casais ao diálogo e a não se “isolarem nos telemóveis”

Perante milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o papa abordou o tema dos problemas familiares e assegurou que são os detalhes, as atitudes adequadas, as pequenas atenções e os gestos simples que cuidam das relações familiares no dia-a-dia.

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Papa Francisco perante milhares de fiéis na Praça de São Pedro YARA NARDI/Reuters

O papa Francisco encorajou este domingo os casais a escutarem-se mutuamente para evitarem conflitos e dificuldades em vez de se “isolarem nos telemóveis” ou acusarem-se um ao outro, no dia em que os católicos celebram a festa da Sagrada Família.

Na sua mensagem durante a oração do Angelus, perante milhares de fiéis na Praça de São Pedro, o papa abordou o tema dos problemas familiares e assegurou que são os detalhes, as atitudes adequadas, as pequenas atenções e os gestos simples que cuidam das relações familiares no dia-a-dia.

Francisco repetiu uma frase que usa frequentemente em encontros com famílias e casais e que contém as que considera como as mais importantes palavras num casamento: “por favor, obrigado e desculpa.”

O papa considerou que, “para preservar a harmonia da família, há que lutar contra a ditadura do eu”.

“É perigoso quando, em lugar de escutarmos, nos culpamos dos nossos erros; quando em vez de nos preocuparmos com os demais, nos centramos nas nossas próprias necessidades; quando em vez de falar, nos isolamos com os nossos telemóveis; quando nos acusamos uns aos outros, repetindo sempre as mesmas frases, encenado uma obra de teatro já vista na qual cada um quer ter razão e no final há um frio silêncio”, assegurou.

O papa aconselhou os casais a nunca dormirem sem fazerem as pazes para evitarem esta guerra fria.

“Às vezes, inclusive, se chega à violência física e moral. Isto rompe a harmonia e mata a família. Passemos do ‘eu’ ao ‘tu'”, aconselhou.

Por ocasião do dia da Sagrada Família, Francisco escreveu aos casais católicos uma carta, publicada este domingo, na qual também expressa “proximidade e afecto” aos matrimónios que se separaram.

Na carta, o papa recordou que a convivência de muitos casais durante o confinamento, na sequência da pandemia, foi dura e levou à ruptura familiar, mas pediu que “não deixem de pedir ajuda para que os conflitos possam superar-se de alguma maneira e não causem mais dor” aos membros do casal e aos filhos.

Por outro lado, Francisco considerou que a pandemia e o confinamento também tiveram como positivo o aumento “do tempo de estar juntos” e isso foi “uma oportunidade única para cultivar o diálogo em família”, apesar de requerer “um especial exercício de paciência”, por não ser fácil partilhar o dia na mesma casa em que se tem de trabalhar, estudar e descansar.

O líder da igreja católica lembrou aos pais que os jovens vêem neles um exemplo e considerou que “a família não pode prescindir dos avós, que são a memória viva da humanidade”.

Aos jovens que se preparam para o matrimónio, o papa instou a não desanimarem e a inspirarem-se em São José, numa época em que “a situação de incerteza laboral” torna mais difícil projectar um futuro.

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