Um ano depois, a maioria dos britânicos diz que o “Brexit” correu mal

Sondagem mostra que 60% dos eleitores britânicos está descontente com as consequências da saída do Reino Unido da UE.

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Boris Johnson na assinatura do acordo do "Brexit", a 30 de Dezembro de 2020 Reuters/POOL

Mais de 60 por cento dos eleitores britânicos acreditam que o “Brexit” correu mal ou pior do que esperavam, um ano após a saída formal do Reino Unido da UE, de acordo com uma sondagem do The Observer, publicada este domingo.

O inquérito do jornal britânico, elaborado pela Opinium, revela ainda que 42% dos cidadãos que votaram a favor do “Brexit” no referendo de 2016 têm uma opinião negativa sobre como o processo de saída se desenvolveu e as suas consequências. Entre os que apoiaram a saída do Reino Unido da União Europeia, 26% consideram que correu pior do que era esperado, enquanto 16% dizem que sempre acharam que o “Brexit” iria correr mal e consideram que a sua opinião ficou provada.

Entre os eleitores que em 2016 votaram a favor da permanência na União Europeia, 86% acreditam que o “Brexit” correu mal ou pior do que estavam à espera. No total dos eleitores britânicos, apenas 14% acredita que a saída do país do bloco europeu correu melhor do que estavam inicialmente à espera.

Um dos responsáveis ​​da empresa de sondagens Opinium, Adam Drummond, afirmou que a conclusão mais surpreendente do inquérito é que os apoiantes do “Brexit” estão agora mais críticos do que anteriormente em relação aos seus benefícios. “Durante grande parte do processo de saída da UE, sempre que se fazia uma pergunta sobre se o ‘Brexit’ era bom ou mau, todos os apoiantes da permanência respondiam ‘mau’ e todos os apoiantes do ‘Brexit’ diziam ‘bom'”, explicou Drummond, citado pelo The Observer.

“Agora, vemos que há uma minoria significativa de apoiantes do Brexit a dizer que as coisas estão a correr mal, ou pelo menos pior do que esperavam. Ao mesmo tempo, 59% dos que votaram a favor de permanecer na UE dizem ‘acreditei que iria correr mal e acho que correu mal’, enquanto 17% dos apoiantes do ‘Brexit’ dizem ‘achei que iria correr bem e acho que correu bem'”, acrescentou.

“Apenas 7% dos cidadãos que votaram a favor de permanecer na UE acreditam que o ‘Brexit’ correu melhor do que esperavam, em comparação com 26% do que votaram a favor do ‘Brexit’. Portanto, em vez de dois blocos uniformes e opostos, temos um bloco de adeptos da permanência na UE que se mantém unido e um bloco de ‘Brexiters’ que está mais dividido”, explicou.

A 1 de Janeiro próximo, entrarão em vigor os controlos alfandegários completos às mercadorias exportadas da União Europeia para o Reino Unido, aumentando a burocracia e os custos do comércio entre os dois lados.

Shane Brennan, presidente-executivo da Cold Chain Federation, associação que representa empresas britânicas de logística, disse esperar que muitos dos problemas enfrentados no ano passado por pequenas empresas do Reino Unido que exportam para a UE, especialmente o aumento do custo de envio de pequenas quantidades devido a novas cobranças, enfrentem agora as mesmas dificuldades no sentido inverso, da UE para o Reino Unido.

“Os pequenos comerciantes têm uma escolha: encontrar uma maneira de enviar produtos com menos frequência ou simplesmente não enviar”, disse Brennan, citado pelo The Observer, acrescentando: “Para muitas empresas, não se justifica o envio de um camião carregado de alimentos frescos por dia ou por semana e, portanto, não o farão. O resultado será menos variedade, menos produtos frescos e especializados de qualidade nas prateleiras das lojas.”

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