Cardeal patriarca de Lisboa exorta cristãos a viverem como parte do presépio

Na tradição do presépio, “há esta imensa novidade de tudo o que é divino se fazer humano e tão próximo, tão pequenino e tão frágil”.

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Manuel Clemente daniel rocha

O cardeal-patriarca de Lisboa centrou esta sexta-feira a sua mensagem de Natal no presépio, exortando os cristãos, não apenas a montá-lo em tempos natalícios, mas a fazerem parte dele.

“Não sei se nós conseguiremos, alguma vez, avaliar totalmente a influência que esta representação teve na nossa cultura, na nossa maneira de sentir, no que diz respeito aos sentimentos mais profundos, concretamente ao sentido da vida e a tudo aquilo que se refira a Deus”, disse Manuel Clemente na sua mensagem, acrescentando que na “tradição do presépio – como os Evangelhos nos mostram o nascimento de Jesus – há esta imensa novidade de tudo o que é divino se fazer humano e tão próximo, tão pequenino e tão frágil”.

Para o cardeal-patriarca, a representação do presépio “acabou por influenciar a (…) própria visão das coisas, mesmo para além das fronteiras confessionais estritas”, levando a que se tenha “atenção ao imenso no mais pequeno, ao divino no humano, à grandeza de Deus na fragilidade em que a vida acontece a cada um”.

“A lição do presépio, de um Deus representado assim numa criança que nem sequer nasce numa casa normal, porque não havia lugar para ela na hospedaria e teve que nascer precisamente aí, numa manjedoura, num presépio... tudo isto é uma lição enorme”, que dá ao cristão “outra maneira de ver a vida, de estar atento às coisas e à grandeza delas na mais pequena e mais frágil das circunstâncias”.

Na sua mensagem, o cardeal-patriarca de Lisboa deu exemplos de situações que, em Lisboa, mostram que o presépio “continua a acontecer”, como a criação de um grupo de apoio a sem-abrigo que surgiu após uma religiosa passar por uma praça da cidade “onde notava a persistência de várias pessoas sem-abrigo e começou a sentir aquilo como um problema também seu”, de um grupo de apoio a mães com bebés com dificuldades físicas e mentais e que não tinham possibilidade de cuidar dessas crianças e que até agora já conseguir acompanhar mais de meio milhar de mães, ou a do casamento de um jovem casal – a mulher internada em unidade de cuidados paliativos – e do baptizado do seu filho.

“É costume dizermos nesta altura – e é um bom sentimento – que bom seria se o Natal, com tudo aquilo que traz à sociedade, às famílias, e mesmo a quem não as tenha, fosse assim todos os dias. E pode ser, mas pode ser se for presépio e se nós próprios não apenas montarmos presépios, mas nos integrarmos nele, no grande presépio do mundo”, acrescentou Manuel Clemente na sua mensagem de Natal.

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