Direita acusa Costa de “propaganda” e de tentar fazer crer que pandemia explica tudo o que corre mal

O vice-presidente do PSD André Coelho Lima acusou o primeiro-ministro de tentar passar a “impressão que o que esteja a correr mal no nosso país se deve apenas e só aos efeitos directos ou indirectos da pandemia”.

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André Coelho Lima é vice-presidente do PSD LUSA/ESTELA SILVA

O vice-presidente do PSD André Coelho Lima classificou este sábado de “contida, geral e abstracta” a mensagem de Natal do primeiro-ministro, por incidir “apenas e só” na pandemia, como se se devesse apenas à covid-19 aquilo que corre mal no país.

“Ao incidir a mensagem apenas e só na pandemia e numa análise geral sobre os efeitos desta, o senhor primeiro-ministro permite que passe a impressão que o que esteja a correr mal no nosso país se deve apenas e só aos efeitos directos ou indirectos da pandemia e, todos sabemos, não ser verdade”, afirmou, numa declaração na sede do PSD do Porto.

Ao fazer uma análise sobre o momento actual que o país vive, o governante deu a ideia de que “os males da economia, da saúde e da educação” têm todos que ver com a pandemia, sublinhou o social-democrata. “Passou a ideia de que a pandemia é o mal principal no nosso país, mas isso não é verdade”, vincou.

André Coelho Lima entendeu que o agradecimento que Costa fez aos profissionais de saúde devia ter sido “em dobro” porque muitas das “difíceis condições” que eles estão a viver nos hospitais e centros de saúde e muitas das demissões em bloco não são consequência da covid-19, mas sim das condições de trabalho em que se encontram.

Na sua opinião, ficou a faltar uma mensagem sobre o que é necessário fazer daqui para a frente. “O senhor primeiro-ministro é quem tem a função, a obrigação e o dever por força das funções que exerce de também conduzir o país e, digamos que, faltou uma mensagem no sentido do que fazer para além daquilo que analisou”, reforçou.

Em jeito de conclusão, o vice-presidente do PSD salientou ter sido uma mensagem “contida e abstracta”, nomeadamente devido ao período pré-eleitoral.

IL acusa Costa de não perder uma oportunidade de “fazer propaganda"

O presidente da Iniciativa Liberal considerou a mensagem de Natal de António Costa foi uma mensagem “sem esperança, sem uma ideia de futuro” e acusou António Costa de não perder “uma oportunidade de fazer propaganda”. Numa reacção em vídeo, João Cotrim Figueiredo afirmou que se tratou de “uma mensagem muito triste, sem esperança, sem uma ideia de futuro”. “Um pouco como este Governo já nos habituou”, disse.

Apontando que o “próprio primeiro-ministro, no final, reconhece que esta época pré-eleitoral não é uma boa altura para fazer mensagens de Natal, aproveitando o facto de estar a ocupar o cargo de primeiro-ministro”, o líder da Iniciativa Liberal assinalou que “o Presidente da República, no ano passado, cancelou a sua mensagem de ano novo exactamente porque estava próximo das presidenciais”. “Mas já se sabe, António Costa não perde uma oportunidade de fazer propaganda e, neste caso, uma propaganda, repito, muito triste e sem qualquer ideia de futuro”, criticou.

Por sua vez, o CDS acusou o primeiro-ministro de querer resumir Portugal “à covid e ao medo da doença” na sua mensagem de Natal, rejeitando o “confinamento político em que António Costa quer encerrar” o país até às legislativas.

A cabeça de lista do CDS pelo Porto nas eleições legislativas de 30 de Janeiro, Filipa Correia Pinto, considerou que a mensagem de Natal do chefe do Governo “tem um único objectivo, confinar e resumir Portugal e a nossa vida colectiva à covid e ao medo da doença”.

Apontando que “há mais vida para além da pandemia” a candidata salientou que “o CDS não aceita o confinamento político em que António Costa quer encerrar Portugal até às próprias eleições”. E criticou que o primeiro-ministro “continua a dizer que vai ficar tudo bem e a mostrar que acredita no mundo de faz de conta que construiu para distrair os portugueses”.

Também o presidente do Chega defendeu que a declaração do primeiro-ministro não traz “nada de novo” e demonstrou uma “incapacidade” de António Costa se responsabilizar pelos problemas do país, além de “esquizofrenia política”.

“Estas duas características marcam a mensagem de Natal de António Costa, a incapacidade de se auto-responsabilizar e perceber que os erros que o seu Governo cometeu estão a gerar aos portugueses os problemas que hoje estamos a viver, e a esquizofrenia política de não perceber que tudo o que está em seu redor, que todos os grandes dramas que estamos a viver hoje, têm também o seu cunho e a sua mão enquanto primeiro-ministro”, afirmou André Ventura.

O primeiro-ministro salientou este sábado ao início da noite que a guerra contra a covid-19 ainda não acabou, considerou que é fundamental prosseguir o reforço vacinal em Portugal e elogiou o trabalho “inexcedível” dos profissionais de saúde e a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Estas posições foram transmitidas por António Costa na sua tradicional mensagem de Natal, que disse ser este ano mais contida do ponto de vista político por se estar em período pré-eleitoral.

Na sua sétima mensagem de Natal desde que exerce as funções de primeiro-ministro, António Costa fez um rasgado elogio à forma como os profissionais de saúde têm estado empenhados no combate à covid-19.

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