EUA e aliados europeus ameaçam com sanções quem tente impedir eleições na Líbia

“Pedimos às autoridades que respeitem as aspirações do povo líbio para eleições antecipadas”, diz declaração conjunta de EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Itália.

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Protesto contra o adiamento das eleições em Benghazi ESAM OMRAN AL-FETORI/Reuters

Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Itália emitiram este sábado uma declaração conjunta na qual defendem a realização das eleições presidenciais na Líbia, que estavam marcadas para dia 24 mas foram adiadas, o mais rapidamente possível, enquanto alertam que quem levar a cabo qualquer tentativa para obstruir as eleições será alvo de sanções internacionais.

Os países signatários da declaração indicaram que “tomam nota” da decisão de adiar a votação marcada para 24 de Dezembro, depois de a comissão encarregada de supervisionar os preparativos ter concluído que a situação técnica, judicial e de segurança tornava “impossível” a sua realização.

“Pedimos às autoridades que respeitem as aspirações do povo líbio para eleições antecipadas, definindo rapidamente uma data final para a votação e a publicação da lista de candidatos presidenciais sem mais demora”, refere o comunicado.

Os países ocidentais lembraram que apenas “eleições livres, justas e de confiança ​​permitirão ao povo líbio escolher um governo representativo e unido e fortalecerão a independência, soberania, integridade territorial e unidade nacional da Líbia”. “É importante que o ímpeto para atingir estes objectivos seja mantido”, sublinharam.

Assim, advertiram que “os indivíduos ou entidades que, dentro ou fora da Líbia, obstruam, prejudiquem, manipulem ou falsifiquem o processo eleitoral e a transição política terão de ser responsabilizados e podem ser nomeados pelo comité de sanções das Nações Unidas”.

Nesse sentido, Washington e os seus aliados europeus enfatizaram que “as divergências sobre questões políticas ou militares emergentes devem ser resolvidas sem recorrer à violência”.

Além disso, ratificaram que apoiam totalmente a decisão das Nações Unidas de facilitar um processo político liderado pelos próprios líbios, exortando outros actores internacionais a fazerem o mesmo.

No entanto, indicaram que a futura transferência de poder entre o actual Governo e o novo Executivo terá de ser feita assim que os resultados forem anunciados e, “para evitar conflitos de interesses e haver um campo de jogo equilibrado”, os candidatos que detêm cargos públicos devem afastar-se até que os resultados das eleições sejam conhecidos.

O adiamento das eleições ficou decidido na quarta-feira sem que ficasse claro o roteiro para uma eleição que poderá marcar o início do fim de uma longa crise política no país do Norte da África, com as autoridades eleitorais a proporem o dia 24 de Janeiro para a ida às urnas.

A Líbia tem um governo de unidade nacional desde Março, que entrou em funções após um difícil processo de negociações, depois de as autoridades internacionalmente reconhecidas sediadas em Trípoli terem repelido, no ano passado, a ofensiva lançada em 2019 pelo marechal Khalifa Haftar.

O novo Executivo tem entre os seus principais objectivos a organização das eleições, com as quais espera colocar um ponto final na crise institucional que se abriu em 2014 e na instabilidade que a Líbia tem sofrido desde a captura e execução de Muammar Khadafi.

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