Chamar reformados é a nova moda na NBA para fugir à pandemia

Joe Johnson, de 40 anos, não jogava desde 2018 e já bateu um recorde pelo regresso à NBA. Outros seguiram-lhe os passos e já se fala também do lendário Jamal Crawford, de 41 anos.

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Joe Johnson (n.º55) em acção pelos Celtics Reuters/David Butler II

A pandemia de covid-19 tem deixado muitas equipas desportivas sem os seus craques. O futebol é o exemplo mais badalado, mas talvez não seja sequer o mais grave. Na Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA), o basquetebol está desfigurado. Além dos inúmeros jogos adiados, grande parte das equipas estão a jogar sem os seus principais jogadores. Como combater isto? Duas ideias, sendo que uma delas envolve… chamarem reformados.

Joe Johnson, Darren Collison ou Lance Stephenson já foram relevantes na NBA – sobretudo o primeiro, com hora de all-star. Todos estavam fora da alta-roda, já à frente dos 30 anos, mas a NBA precisou deles. Permitindo às equipas contratos excepcionais de dez dias – um por cada jogador que tenha um teste positivo à covid-19 –, a liga norte-americana abriu a porta a que um jogador de 40 anos regressasse à NBA.

Joe Johnson, que não jogava na Liga desde 2018, bateu o recorde de mais tempo entre jogos pela mesma equipa: assinou e jogou agora pelos Boston Celtics, quase 20 anos depois do último jogo no TD Garden. O recorde anterior, de James Edwards, pelos Lakers, não passava dos 15 anos.

Para já, o regresso de “Iso Joe” foi forte na ovação, mas morno no basquetebol – dificilmente poderia ser diferente. Cantou-se “we want Joe” nas bancadas, o sete vezes all-star preparou-se para entrar, colocou o TD Garden em pé, jogou dois minutos, fez o seu jumper de assinatura, voltou a provocar barulho no pavilhão e terminou o seu trabalho.

“Foi divertido e entusiasmante receber essa ovação. Para mim, é algo surreal tê-los a cantarem o meu nome daquela forma e depois entrar no jogo e ser eficaz. Foi muito divertido. Na minha idade, tentamos aproveitar e viver cada momento”, disse, após a partida.

Aos 40 anos e com um contrato de dez dias, Johnson está a fazer pela vida. Contribuindo a preceito nos próximos dias, talvez ganhe um lugar no fundo do banco, até pelo perfil de mentor que pode assumir a par de Al Horford. Sendo apenas mediano, voltará à reforma. Um cenário ou no outro, sairá sempre como uma bela história.

Além de Johnson, também Isaiah Thomas, de 31 anos, Darren Collison, de 34, Brandon Knight, de 30, e Lance Stephenson, de 31, regressaram à NBA. No caso dos bases, que assinaram pelos Lakers, estarão mesmo em competição directa por um lugar na equipa.

Thomas já foi um dos grandes talentos da NBA, mas pouco mais é do que um lançador errático e um defensor pouco relevante. Collison é, porém, um jogador cuja experiência e qualidade como passador e facilitador poderá ser importante – também por isso o seu regresso, sucessivamente adiado desde 2019, sempre esteve a rondar o mercado da NBA.

Já se fala também do possível regresso de Jamal Crawford, de 41 anos. O veterano lançador ainda é – e deverá ser por muitos anos – o mais velho a marcar pelo menos 50 pontos num jogo da NBA (fê-lo aos 39 anos) e o primeiro a chegar aos 50 saído do banco – função em que se tornou uma lenda, com três prémios de melhor suplente na Liga.

A estes contratos curtos a NBA juntará em breve outra medida para mitigar os efeitos da pandemia nas equipas. A quarentena obrigatória a quem entra no chamado “protocolo covid” deverá ser reduzida de dez para seis dias para jogadores que estejam assintomáticos e com baixos níveis de contágio.

Desta forma, a NBA quer que jogadores já recuperados possam regressar mais rapidamente, fazendo desta rotação nos plantéis algo mais efémero. Se a ideia avançada pela ESPN for em frente, talvez as belas histórias dos regressos dos veteranos sofram um revés.

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