Patrimónios contestados e outras aventuras de 2021

Bate Fado iluminou os palcos em mais um ano difícil e sintetizou, superando-o, o corpo de trabalho da dupla Jonas & Lander. Ao mesmo tempo, sinalizou algumas das lutas (e das conquistas) dos tempos que correm.

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Bate Fado: porventura o espectáculo da maioridade de Jonas & Lander, e também um sinal dos tempos Paulo Pimenta

Imperfeito e impuro, como a canção dita de Lisboa que lhe serve de mote, um espectáculo faiscou por entre as intermitências dos confinamentos e reconstruiu despudoradamente, munindo-se de ficções e licenciosidades várias, um passado que também pode ser futuro. Sem surpresas, dado o embalo que a ergueu como clímax de diversas programações, a mais recente criação da dupla Jonas & Lander, Bate Fado, aparece pois coroada neste final de 2021 em diversas listas dos melhores do ano — o que constitui não apenas a validação definitiva de um corpo de trabalho delirante e provocador, às vezes mesmo exótico, que se vem afirmando nacional e internacionalmente, mas também o feliz e talvez inesperado reconhecimento e comprazimento de novas gerações de espectadores nesse património em tempos reduto de marialvismo, chauvinismo, saudosismo e outras doenças porventura fatais que os dois criadores resgatam aqui, com a imprescindível participação de demais músicos e bailarinos, na sua censurada e extinta forma dançada.

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