O ano em que as políticas de identidade entraram pela porta principal

Em 2021 as políticas identitárias atingiram um patamar institucional nas programações em Portugal, trazendo à tona outros criadores, outras pluralidades, outras versões da História. Mas o deslumbramento não mora aqui. Artistas, curadores e programadores dizem que ainda há muito por fazer para que aconteçam mudanças estruturais nas instituições, da democratização das programações às políticas de empregabilidade e acessibilidade.

Foto
Getty Images

Em 2019, numa conversa integrada no Festival DDD — Dias da Dança, no Porto, a cantora e performer Linn da Quebrada reflectia sobre a vaga de artistas brasileiros que estavam então a ser programados por festivais e teatros europeus, numa procura por dar protagonismo a assuntos ligados às lutas anti-racistas, ao colonialismo, às questões de género e LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo), há muito a circular nas arenas culturais do Brasil e dos EUA. Isenta de deslumbramentos e com a dose necessária de acidez, Linn interrogava se este novo foco de atenção seria apenas um fenómeno passageiro, usado em parte para a auto-redenção e validação pública de programadores e instituições que contribuíam para a manutenção de assimetrias sociais, ou se poderia ser realmente o prelúdio de uma mudança de paradigma.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.