Durão Barroso alerta que Portugal está atrás da Europa na dose de reforço da vacina

Ministra da Saúde tinha negado que estivesse a haver atrasos na administração da terceira dose, recordando que havia uma previsão de vacinar até ao Natal 1,4 milhões de pessoas e foram vacinadas mais um milhão.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

O presidente da Aliança Global para as Vacinas, Durão Barroso, alertou esta quinta-feira que Portugal está atrás da Europa na administração da terceira dose da vacina contra a Covid-19 e apelou às autoridades para que não haja “um relaxar do esforço”.

“[Em] Portugal, que conseguiu dos melhores resultados do mundo na vacinação com as duas primeiras doses, neste momento a verdade é que existe uma certa complacência. Fomos os melhores do mundo, mas a verdade é que não somos verdadeiramente os melhores do mundo no que diz respeito à terceira dose. Estamos atrás da maioria dos países do mundo e temos de recuperar isso”, declarou.

Num debate intitulado Saúde e Inovação: As (Últimas) Lições de uma Pandemia, no âmbito do oitavo encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, em Cascais, o antigo primeiro-ministro português lembrou que “está mais do que demonstrado” que as vacinas evitam pelo menos os casos mais graves de covid-19 e a morte, sublinhando que a esmagadora maioria das pessoas que morrem actualmente não estava inoculada.

Lembrou também que a nova variante Ómicron do SARS-CoV-2 não é tão mortífera como as anteriores, nomeadamente como a variante Delta, mas tem uma capacidade que a Delta não tinha de escapar à protecção que as vacinas oferecem quanto às infecções ou reinfecções, “razão pela qual está a crescer exponencialmente”.

“Tudo isto recomenda que as pessoas se vacinem e, se puderem tomar a terceira dose, devem tomá-la”, disse Durão Barroso, para quem “os detentores de cargos políticos devem ter a coragem de explicar às pessoas” os factos. Em declarações à margem do encontro, Durão Barroso felicitou todos os que contribuíram para o sucesso da vacinação nas duas primeiras doses da vacina, mas lamentou que, em relação à terceira dose, Portugal esteja atrás da média europeia.

“Acho que não devíamos neste momento relaxar nos nossos esforços”, disse, recordando que há países europeus que já estão a administrar doses de reforço a partir dos 18 anos, enquanto Portugal ainda está neste momento a vacinar pessoas com 63 anos ou mais. Durão Barroso lembrou que as vacinas têm um tempo de eficácia limitado, pelo que a população estará tanto mais bem protegida quanto mais rapidamente tiver acesso à terceira dose.

“Apelo a que não houvesse um relaxar do esforço e que se conseguisse, como se conseguiu com brilhantismo em relação às duas primeiras doses, o mesmo resultado em relação à dose de reforço”, afirmou. A ministra da Saúde negou na quarta-feira que esteja a haver atrasos na administração da terceira dose, recordando que havia uma previsão de vacinar até ao Natal 1,4 milhões de pessoas e foram vacinadas mais um milhão, num total de 2,4 milhões.

“Recordo que o objectivo que tínhamos fixado até ao Natal era vacinar todos os que tinham mais de 65 anos e conseguimos fazê-lo, excepto para aqueles que não procuraram o centro de vacinação e não tínhamos antecipado vacinar as pessoas que levaram a vacina da Janssen” e iniciar a vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, referiu a governante.

Em Portugal, desde Março de 2020, morreram 18.840 pessoas e foram contabilizados 1.253.094 casos de infecção, segundo dados da Direcção-Geral da Saúde.

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