Máscaras e outras histórias que tais

Ainda não foi destas que elas caíram. Que o diga Kanye West, responsável por um dos raros pontos altos do ano enquanto ia trocando as voltas aos talibãs.

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Um iconoclasta permanentemente reconfigurando a cultura popular: Kanye West Kevin Mazur/Getty Images for Universal Music Group

Ao contrário das salas de cinema, que, depois de uma longa modorra, conheceram entusiasmante recta final (a grande banda-sonora do ano pertence a A Noite Passada em Soho), 2021 testemunhou um trajecto francamente descendente no que aos discos diz respeito. Sintomaticamente, a esmagadora maioria dos discos capaz de nos roubar um momento de júbilo foi lançada até Setembro/Outubro — por exemplo, Donda. Nem uma pandemia deita abaixo Kanye West, e não falamos apenas na música — em tempo de covid, o americano passou a auto-encenar-se com máscaras grotescas, esquizóides, fascinantes (as fotografias de West captadas por transeuntes na rua, lojas ou aeroportos são do mais espectacular que a pandemia nos deixará em imagens). Algum tempo depois, aparecia com a ex-mas-afinal-ainda-mulher Kim Kardashian nas passadeiras vermelhas, os dois tapados de preto dos pés à cabeça pela mesma altura em que os talibãs recapturavam o Afeganistão e o mundo se apavorava, como se fosse em sua casa (uma home invasion pela TV…), com o regresso das burqas. Um iconoclasta permanentemente reconfigurando a cultura popular cuja longa (e rara) entrevista no programa Drink Champs, em todo o seu excesso (e humor), veremos nos próximos anos samplada por meio mundo.

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