Susana Rosmaninho e Pedro Azevedo viajam até ao Centro Interpretativo do Vale do Tua

O podcast No País dos Arquitectos é um dos parceiros da Rede PÚBLICO.

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Centro Interpretativo do Vale do Tua Luís Ferreira Alves
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No 22.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com os arquitectos Susana Rosmaninho e Pedro Azevedo sobre o Centro Interpretativo do Vale do Tua (CIVT).

Desde muito cedo, o atelier Rosmaninho+Azevedo compreendeu que o Vale do Tua abrangia várias potencialidades e, nesta conversa, compreendemos como várias entidades trabalharam em conjunto para a contínua preservação e valorização do património histórico e natural. Neste episódio, viajamos até à linha centenária de comboios: a linha do Tua. Actualmente, o CIVT, localizado na Estação Ferroviária de Foz Tua, ocupa dois edifícios, um em cada lado da linha ferroviária do Douro. Ao reabilitarem os dois espaços, os arquitectos viram uma oportunidade não só de dignificar o que outrora ali existiu, mas também de contribuir para o desenvolvimento da região.

Durante a construção da barragem de Foz Tua, a UNESCO considerou que o Alto Douro Vinhateiro era altamente vulnerável a agressões pelos impactos causados pela construção da barragem. Nesse âmbito, a UNESCO exigiu ao Estado português um Plano de Gestão que compensasse a região. O Centro Interpretativo faz parte desse programa mais abrangente, ao abrigo das medidas de compensação associadas à controversa construção da barragem. Quando os arquitectos avançaram para o concurso público do Centro Interpretativo do Vale do Tua, a barragem já tinha entrado em fase de testes e a central hidroeléctrica encontrava-se, segundo Susana, “praticamente em funcionamento na sua totalidade”. Logo no início do episódio, o arquitecto Pedro Azevedo começa por lembrar que ambos percorreram a pé a linha do Tua, quando a construção do paredão da barragem já estava iniciada, e essa foi uma experiência que os marcou bastante.

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Em síntese, aquele território estava triplamente penalizado: o rio havia sido destruído, a linha do comboio tinha desaparecido e os armazéns encontravam-se abandonados. O arquitecto Pedro Azevedo lembra três grandes medidas, sendo que duas delas já foram implementadas. A terceira medida foi a criação do Centro Interpretativo.

A arquitecta Susana Rosmaninho, juntamente com o arquitecto Pedro Azevedo, trabalhou na elaboração do projecto de arquitectura do Centro Interpretativo do Vale do Tua. Quando os arquitectos avançaram com esta intervenção, depararam-se com dois edifícios separados pela linha do Douro. Nesse momento, traçaram uma meta: “recuperar o armazém ferroviário mais antigo, que era de madeira e que estava lá praticamente intacto, desde o final do século XIX” e dar “uma linguagem mais industrial” e contemporânea, ao edifício que se encontrava ao seu lado. Ambas as estruturas haveriam de se unir para um objectivo comum: levar o visitante a recordar o caminho-de-ferro e a sua história.

O edifício a sul é agora o espaço de recepção e acolhimento do Centro Interpretativo. Neste edifício, as tábuas de madeira foram recuperadas, uma a uma, e os arquitectos avançaram para um trabalho de minúcia, onde se materializaria aquele que viria a ser o ponto de entrada para o vale. O edifício a norte – capaz de acolher exposição museológica permanente, exposições temporárias, uma loja de produtos locais, arrumos e casas de banho –, também já existia, mas não com a forma e a materialidade actual. Após o incêndio, que deflagrou em Agosto de 2009, “a sua estrutura original, em madeira desapareceu”.

Os arquitectos tiveram de pensar numa estratégia e consideraram que seria “mais adequado dar-lhe uma linguagem mais industrial”, respeitando a identidade do lugar. Dando forma ao seu pensamento, Susana e Pedro trabalharam com o zinco canelado. Tal como já tinha sucedido no edifício em madeira, exploraram a monomaterialidade. Num território que se encontra afastado dos grandes poderes políticos e onde muitas vezes não são efectuadas as devidas manutenções dos edifícios, o zinco é uma solução que confere a durabilidade necessária para suportar as temperaturas adversas.

O Viroc, no interior de ambos os espaços, permitiu criar uma arquitectura industrial e “seca”, além de resolver constrangimentos de estrutura e de construção: “Se naquele local tivesse havido uma construção tradicional, em betão, as fissuras iriam aparecer por todo o lado”, esclarece o arquitecto. Os painéis compósitos são igualmente úteis para resistir às vibrações provocadas pelo comboio da linha do Douro: “Toda esta construção é muito honesta. Temos a betonilha afagada no pavimento, uma laje para construir uma mezzanine com as vigas de madeira apoiadas na treliça metálica (...). Para rematar, conseguimos colocar um painel em policarbonato, que cria aquela luz difusa e insinua sombras. Essas sombras trazem um aspecto interessante entre a exposição e o mezzanine”, descreve Pedro Azevedo.

Se por um lado os arquitectos procuravam preservar a essência dos edifícios, por outro era necessário uniformizar as singularidades dos espaços que tinham tempos e linguagens diferentes. Durante diferentes momentos da obra, houve serralheiros, carpinteiros e outros profissionais que mostravam alguma resistência na aplicação de determinadas técnicas construtivas, mas Pedro Azevedo e Susana Rosmaninho conseguiram fundamentar a sua posição e o que se revelava impossível não só passou a ser concretizado como também as várias pessoas começaram a pensar como os próprios arquitectos e a colaborar com eles nesse sentido.

É preciso realçar que este espírito de camaradagem acontece num território que esteve isolado ao longo de várias décadas. No século XIX, a linha de caminho-de-ferro assumiu um papel estruturante na vida daquelas populações e as ligações que se viriam a estabelecer, entre Bragança e o Porto, foram de suma importância não só para garantir a acessibilidade no transporte dos passageiros, mas também para o próprio desenvolvimento económico e sustento de várias famílias: “Trás-os-Montes, mais concretamente a zona de Mirandela, em tempos, já foi a região com maior produção de cortiça. (...) Essa produção acontecia, mais especificamente, na Quinta do Romeu. Era a partir desse ponto que a cortiça era expedida, através da linha do Tua, e depois fazia o transbordo no edifício, onde se encontra a exposição do Centro Interpretativo do Vale do Tua. Posteriormente, a mercadoria era enviada para o Porto”, lembra a arquitecta Susana Rosmaninho.

A cortiça era colocada num edifício que ainda existe actualmente, em frente à Alfândega do Porto. Através da empresa agrícola da Quinta do Romeu, Clemente Menéres foi o empresário que procurou inverter o isolamento e o atraso que marcavam Trás-os-Montes, tornando-se, segundo a arquitecta: “um dos mecenas, ou mesmo o maior mecenas da construção da linha do Tua”. Com a Sociedade Clemente Menéres, o empresário dinamizou a economia local e contribuiu para o próprio desenvolvimento da periferia transmontana.

A memória da cortiça ainda está muito presente neste local e o atelier Rosmaninho+Azevedo, em parceria com Miguel Palmeiro e a Cariátides, quis dar-lhe esse protagonismo no espaço que acolhe a exposição, por isso no interior desse edifício encontra-se o túnel feito de cortiça, que encaminha o visitante pela história do vale. Neste ambiente imersivo, as pessoas são colocadas numa espécie de cápsula do tempo: “Fica-se com a sensação de estar a percorrer a antiga linha do Tua, que continha imensos túneis muito estreitos”, explica Susana Rosmaninho.

Pedro Azevedo recorda que um funcionário, que trabalha no CIVT, tem vindo a partilhar com ambos alguns elogios que as pessoas escrevem no livro de visitas: “É sempre muito gratificante quando verificámos que as pessoas que vão ao edifício e têm a expectativa de ter uma determinada experiência, acabam por ter algo superior, encontrando naquele lugar uma diferença arquitectónica nas suas vidas”. A combinação entre expectativa e realidade foi, durante as várias fases da intervenção, gerida pelos arquitectos, que nunca esperaram que o projecto atingisse estas proporções: “Tudo isto foi muito gratificante porque fomos percebendo como é que o trabalho de arquitectura transformou aquele sítio em algo melhor. (...) O que aprendemos com isto foi mesmo a importância da arquitectura e do papel da arquitectura na transformação. Ou seja, como é que um pequeno equipamento ou um investimento público pode dinamizar o território e fazer a diferença na região”.

Depois do Centro Interpretativo estar construído e aberto à população, uma nova vida gerou-se naquele território. Os negócios começaram a ter dinamismo, algumas das infra-estruturas modernizaram-se e as pessoas ganharam um novo alento para a vida e para a arquitectura que as rodeia: “Há uma citação de um filme, que nós costumamos usar muito que se aplica bem a este projecto (...). Passo a citar: ‘É necessário mudar para que tudo fique na mesma’. Ou seja, mudar para que o essencial permaneça e esse é o lema recorrente não só deste projecto, como de outros que temos a decorrer no nosso escritório, ligados à intervenção do património”, sublinha Susana Rosmaninho.

Hoje, o Centro Interpretativo do Vale do Tua está enquadrado num plano turístico que associa várias experiências. Esta conversa é uma oportunidade para trilharmos as histórias em torno da linha do Tua até a Central Hidroeléctrica do Tua, que ficou quase integralmente subterrânea para harmonizar a edificação com a paisagem do Douro, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. Para compreenderem as decisões arquitectónicas levadas a cabo por Susana Rosmaninho e Pedro Azevedo, ao longo deste projecto, e como o Centro Interpretativo se tem revelado uma “âncora” no desenvolvimento do Nordeste Transmontano, ouçam a entrevista na íntegra.

No País dos Arquitectos é um dos podcasts da Rede PÚBLICO. Produzido pela Building Pictures, criada com a missão de aproximar as pessoas da arquitectura, é um território onde as conversas de arquitectura são uma oportunidade para conhecer os arquitectos, os projectos e as histórias por detrás da arquitectura portuguesa de referência.

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