Peng Shuai nega alegações de abuso sexual e culpa “mal-entendidos”

Na primeira entrevista dada a um órgão de comunicação estrangeiro desde Novembro, a tenista diz que “nunca acusou ninguém de abuso sexual” e que a publicação que fez na rede social Weibo acusando o ex-vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de abuso sexual era um “assunto privado”.

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Tenista acusou o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de violação em Novembro Reuters/ADAM HUNGER

A tenista chinesa Peng Shuai disse que “nunca acusou ninguém de abuso sexual” e que a publicação que fez na rede social Weibo a 2 de Novembro era um “assunto privado” que gerou “mal-entendidos”.

Estas declarações, gravadas em vídeo, foram feitas ao órgão de comunicação de Singapura Lianhe Zaobao, e são a primeira entrevista dada a um meio de comunicação estrangeiro desde que Peng revelou, em Novembro, que teve uma relação durante anos com o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli, que acusou de a ter abusado sexualmente numa ocasião.

A discussão sobre a relação de Peng e Zhang foi rapidamente censurada nas redes sociais chinesas e a publicação original (que dizia “naquela noite não consenti e chorei o tempo todo") foi apagada. Depois disso, a tenista não foi vista em público durante quase três semanas.

A tenista esteve este domingo em Xangai a participar num evento com outras estrelas do desporto chinês, como o antigo jogador de basquetebol Yao Ming.

No vídeo agora publicado, Peng parece intrigada quando a repórter lhe pergunta se esteve em casa em Pequim “livremente” e sem vigilância e diz: “Porque haveria alguém a observar-me? Tenho estado em casa em liberdade”.

A tenista também confirmou a autoria de uma carta que escreveu ao presidente da WTA, Steve Simon: “Escrevi a versão chinesa e, como o meu inglês não é muito bom, a CGTN publicou uma versão traduzida com o mesmo significado que o original”, disse.

Nessa carta, Peng assegurou que estava “bem e descansada” e negou as alegações de abuso sexual, o que aumentou a preocupação com a jogadora chinesa, cujas imagens e vídeos foram distribuídas, mais uma vez através dos meios de comunicação e jornalistas próximos do governo, nos dias seguintes.

Além disso, Peng realizou uma videochamada com Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), na qual relatou que estava bem e que estava em Pequim, insistindo mais uma vez para que a privacidade fosse respeitada.

A WTA decidiu a 1 de Dezembro suspender os torneios que realiza na China devido à censura e às incertezas que rodeiam o caso. Esta segunda-feira, em reacção à aparição da tenista, a WTA continua a pedir uma investigação ao caso.

“Continuamos firmes no nosso apelo por uma investigação completa, justa e transparente, sem censura, sobre as alegações de abuso sexual, que é a questão que deu origem à nossa preocupação inicial”, disse a WTA num comunicado divulgado pelo The Guardian. Apesar de referir que “é bom ver Peng Shuai num ambiente público” a associação diz também que isso “não alivia ou trata das preocupações significativas da WTA sobre o bem-estar e capacidade de se comunicar sem censura ou coerção”.

A China não comentou directamente a publicação inicial de Peng, mas disse, após a decisão da WTA de suspender os torneios no país, que “se opõe à politização do desporto”. Zhang Gaoli não se pronunciou sobre o assunto até ao momento.

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