LVMH chega a acordo em caso de espionagem por dez milhões de euros

O conglomerado de luxo chegou a acordo com o jornalista François Ruffin, que acusava o responsável pelos serviços de segurança da LVMH, Bernard Squarcini, de o espionar.

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Bernard Arnault em Julho de 2021 Reuters/BENOIT TESSIER

A juíza do Tribunal de Paris aprovou um acordo entre a Louis Vuitton e o jornalista François Ruffin, no valor de dez milhões de euros. A decisão foi na passada sexta-feira. Em causa está o caso de espionagem que envolvia o responsável pelos serviços de segurança do conglomerado de luxo e o jornalista francês, autor de um documentário sobre Bernard Arnault, o multimilionário dono do grupo.

Fica, assim, excluída a possibilidade de o caso se tornar um julgamento criminal. Com o acordo aprovado em tribunal, um dos homens mais ricos do mundo evita o julgamento, que tornaria públicos os detalhes da espionagem levada a cabo pelo responsável do departamento de segurança, Bernard Squarcini, ao jornalista François Ruffin.

Squarcini, que foi contratado pela LVMH em 2013, era suspeito de usar a sua influência para recolher informação privilegiada e espionar o activista francês, de acordo com os documentos do tribunal. Em 2016, Ruffin produziu um documentário intitulado Merci Patron, que escrutinava o dono do conglomerado, Bernard Arnault, na sequência de milhares de pessoas terem perdido o emprego num dos fornecedores do grupo ─ uma fábrica que produzia roupa para a Kenzo. O filme acompanha uma das famílias que se viu desempregada, depois da mudança da manufactura para a Polónia.

Até agora, o advogado de Bernard Squarcini negou todas as alegações e recusou prestar quaisquer comentários, depois do acordo da passada sexta-feira. O ex-responsável pelos serviços de inteligência e segurança da LVMH foi investigado não só por recolher documentos e informação de forma ilegal, como por violar leis da privacidade.

O gabinete da Procuradoria de Paris disse que o acordo era “uma forma eficiente de sancionar actos proibidos ao abrigo da lei penal” ─ actos esses que a empresa já provou terem cessado. O facto de a LVMH ter aceitado o acordo, em que terá de pagar dez milhões de euros a François Ruffin, não implica uma admissão de culpa ou de evitar o julgamento, salientou a juíza Carolina Viguier, responsável pela sessão da passada sexta-feira.

Também a advogada da LVMH, Jacqueline Laffont, sublinhou o mesmo, em declarações antes de a decisão ser anunciada. Para o grupo de luxo, o acordo reflecte, sim, a crença que “as falhas do passado pertencem ao passado”.

Aos 72 anos, Bernard Arnault é o terceiro homem mais rico do mundo, com uma fortuna avaliada em cerca de 167 mil milhões de euros, de acordo com a revista Forbes ─ ultrapassado apenas por Elon Musk e Jeff Bezos. Na Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH), é dono de uma constelação de 60 empresas e 75 marcas de luxo, entre elas a Dior, a Tiffany & Co., Givenchy, Kenzo, Loewe e, claro, Louis Vuitton.

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