Buraco na camada de ozono de 2021 é um dos maiores e mais duradouros

O buraco na camada de ozono deste ano no hemisfério Sul é o 9.º maior desde que há registos.

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O buraco na camada de ozono de 2021 no hemisfério Sul entre Setembro e Outubro, quando atinge o seu máximo anual CAMS

O buraco na camada de ozono de 2021 está a “fechar-se” por este ano e é altura de fazer balanços: este foi um dos buracos na camada de ozono no hemisfério Sul maiores e mais duradouros desde que há registos, anunciou esta segunda-feira o Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico (CAMS).

A camada de ozono protege a Terra da radiação ultravioleta e o buraco referido é uma redução periódica na concentração de ozono na alta atmosfera. Na segunda metade do século XX, descobriu-se esse fenómeno na camada de ozono sobre a Antárctida. Nessa altura, os cientistas perceberam que os produtos químicos sintéticos CFC – usados em aerossóis, refrigerantes, solventes ou na produção de espuma rígida de empacotamento – eram culpados pela destruição do ozono estratosférico.

Normalmente, o buraco na camada de ozono no hemisfério Sul atinge o seu máximo entre meados de Setembro e meados de Outubro. Os níveis de ozono acima da Antárctida costumam voltar ao normal por volta de Dezembro – é aí que se diz que o buraco na camada de ozono “se fechou” nesse ano.

“Semelhante ao do último ano na mesma altura, o buraco na camada de ozono de 2021 será um dos maiores e mais duradouros de que há registo”, nota em comunicado o CAMS. O Copérnico é um programa de observação da Terra da Comissão Europeia, que tem monitorizado o buraco na camada de ozono sobre a Antárctida.

Se se observar o período quando o buraco na camada de ozono atinge geralmente o seu máximo (entre Setembro e Outubro), o de 2021 é o 9.º maior desde que há registos – que foi em 1979, assinalou o CAMS numa resposta enviada ao PÚBLICO. Este ano, chegou a ter 22,75 milhões de quilómetros quadrados. O maior que já se observou foi o de 1998, que chegou a ter 24,32 milhões de quilómetros quadrados, logo seguido do de 2015 com 24,29 milhões de quilómetros quadrados.

Quanto à duração, prevê-se que o buraco na camada de ozono de 2021 “chegue ao fim” a 22 de Dezembro (esta quarta-feira). Já o de 2020 “fechou-se” a 27 de Dezembro desse ano, tornando-se (juntamente com o de 1999) o mais duradouro desde que há registos.

Em comunicado, Vincent Henri Peuch (director do CAMS) deixa alguns apontamentos sobre o buraco na camada de ozono deste ano: “Tanto o buraco na camada de ozono sobre a Antárctida de 2020 como o de 2021 foram bastante grandes e duradouros.” Mesmo assim, realça que isto não quer dizer que o Protocolo de Montreal não esteja a funcionar e até assinala que, sem ele, esses buracos na camada de ozono “teriam sido bem maiores”. Para responder ao problema do buraco na camada de ozono, em 1987, 150 países assinaram um tratado – o Protocolo de Montreal –, em que se comprometeram a eliminar a produção de gases. Equipas de cientistas têm comunicado algumas melhorias na camada de ozono desde então.

A que se deve então a longa duração e tamanho considerável do buraco na camada de ozono nos últimos anos? “A variabilidade interanual devido a condições dinâmicas e meteorológicas podem ter um impacto importante na magnitude do buraco de ozono e sobrepõe-se à recuperação a longo prazo”, considera Vincent Henri Peuch. Além disso, indica que no CAMS se tem seguido a quantidade de radiação ultravioleta que alcança a superfície da Terra e se tem verificado valores muito altos por cima de partes da Antárctida situadas mesmo por baixo do buraco na camada de ozono.

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