Colares e pulseiras anti-5G vendidos nos Países Baixos emitem radiação

Estudo do Instituto de Saúde Pública detecta emissão de radiação ionizante em dez objectos de uso pessoal, incluindo uma pulseira para crianças. Exposição longa — todos os dias, durante um ano — pode ter efeitos negativos para a saúde.

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Uma das pulseiras é para ser usada por crianças ANVS

A autoridade de segurança nuclear dos Países Baixos (ANVS, na sigla original) emitiu um alerta contra a compra de colares, pulseiras e outros objectos de adorno pessoal que prometem protecção contra supostos efeitos negativos das redes de tecnologia 5G. Segundo um estudo do Instituto de Saúde Pública neerlandês, pelo menos dez objectos à venda no país — incluindo uma pulseira para crianças — emitem radiação ionizante e podem ser perigosas para a saúde se forem usados todos os dias, durante um ano.

“Tem um ‘Pingente Quântico’, ou alguma das pulseiras e colares com ‘iões negativos’ que estão incluídos na lista publicada nesta página?”, questiona a ANVS num comunicado publicado na quinta-feira. “Se tiver, aconselhamos que deixe de os usar, e que os guarde num local seguro até receber instruções para a devolução.”

Ao mesmo tempo, a ANVS disse que informou os vendedores dos produtos em causa, nos Países Baixos, que “devem parar de os vender imediatamente”.

A autoridade independente de supervisão esclarece que o nível de radiação detectado é baixo, e que os riscos para a saúde são igualmente baixos. Mas salienta que “não pode ser totalmente afastada a possibilidade de que um uso contínuo destes objectos, por um período de tempo longo, possa ser prejudicial para a saúde no longo prazo”.

“Os produtos que foram testados contêm materiais radioactivos e, por isso, emitem radiação ionizante de forma contínua. A exposição a radiação ionizante pode ter efeitos prejudiciais para a saúde”, diz o comunicado da ANVS.

A autoridade neerlandesa salienta que os avisos “não se aplicam aos purificadores de ar com sistema de ionização, que não contêm materiais radioactivos”.

5G igual a 3G

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “até à data, e após muita pesquisa, não foi detectada nenhuma relação causal entre as tecnologias sem fios e efeitos prejudiciais para a saúde”.

Na página dedicada ao tema, no site da OMS, a organização salienta que, apesar de haver poucos estudos sobre o uso de frequências mais altas na tecnologia 5G, sabe-se que, no geral, quanto mais elevadas são as frequências, menor é a penetração das ondas no tecido humano.

“As frequências mais elevadas são uma novidade para as redes de comunicação móvel, mas são muito usadas em outras aplicações, como nos scanners corporais em postos de controlo de segurança”, sublinha a OMS.

Apesar de nada indicar que as redes móveis 5G são distintas das redes 2G ou 3G em termos de impacto na saúde pública, existe um mercado para a venda de produtos de uso pessoal que prometem protecção contra radiações — incluindo uma pulseira para crianças, vendida pela empresa Magnetix, que cita “a teoria Yin-Yang” para justificar “o uso de iões negativos para compensar o excesso de iões positivos no meio ambiente”.

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