Valorização do Rio Minho começa com passeios de barco entre Portugal e Galiza

A melhoria da zona envolvente ao rio Minho começou a ser desenhada em 2019, com o desejo de criar novas rotas fluviais e proteger o corredor ambiental.

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Nelson Garrido

A relação luso-espanhola vai ser reforçada a partir do final deste mês: no dia 27, duas embarcações turísticas vão atravessar o rio Minho, com ligação - gratuita - entre os municípios de Monção e Valença, no Alto Minho, e os concelhos de Salvaterra do Minho e Tui, na Galiza.

As embarcações, com capacidade para 15 pessoas, foram simbolicamente apresentadas esta sexta-feira, no cais de Salvaterra do Minho, e resultam da iniciativa “Rio Minho - Um Destino Navegável”, um projecto transfronteiriço apresentado em 2019, ainda em curso, que pretende melhorar a navegabilidade do rio Minho através da criação de novas rotas fluviais e da protecção do seu corredor ambiental.

Para a vereadora com os pelouros do turismo e do ambiente na Câmara de Valença, Ana Paula Xavier, os passeios de barco são “apenas um meio” para atingir a “valorização total futura do troço internacional do rio Minho, quer em termos de navegabilidade e protecção ambiental, quer em termos turísticos”.

Segundo a autarca, na vertente da protecção ambiental foi elaborado um “estudo de navegabilidade” que deu luz verde aos percursos de barco, estando ainda prevista a “recuperação progressiva de habitats naturais no corredor da Zona Especial de Conservação” do rio Minho e a “criação de uma rota transfronteiriça de observação de aves”.

Para Valença, Ana Paula Xavier espera que a nova rota fluvial seja o “motor para o desenvolvimento de actividades náuticas” locais e resulte numa “aproximação da população local à zona ribeirinha”.

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As embarcações foram agora apresentadas Câmara de Monção

Inserido no programa Interreg V-A España - Portugal (Poctep) 2014-2020, o projecto “Rio Minho – Um Destino Navegável” envolve um investimento de 1,1 milhões de euros e tem como parceiros os quatro concelhos do Alto Minho e da Galiza e ainda a Direcção-Geral do Património Natural da Junta da Galiza, a Agência de Turismo de Galiza e a entidade regional do Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP).

Em Monção, o presidente da Câmara, António Barbosa, vê o projecto como “mais uma oferta turística para a eurorregião” sendo os passeios de barco uma nova forma de “levar o turista a conhecer o território através do rio”.

Numa primeira fase, a embarcação vai percorrer a eurocidade de Monção e Salvaterra do Minho mas a ideia, no futuro, é que os turistas conheçam, em terra, o “potencial gastronómico e de vinhos” e “visitem o amuralhado” da cidade.

Ainda sobre os percursos turísticos de barco, o autarca adianta que é objectivo “mostrar o potencial económico das rotas fluviais” do rio Minho e “incentivar os operadores privados” a juntarem-se à oferta.

“A existência de uma maior dinâmica empresarial é fundamental para a valorização do rio Minho”, acrescenta também Ana Paula Xavier sobre a chegada de privados ao local.

O “início da promoção da rota fluvial”

Estava previsto iniciar a actividade das embarcações entre Monção e Salvaterra do Minho e Tui e Valença no Verão passado mas tudo se atrasou devido “à conclusão do estudo de navegabilidade, a escolha do concessionário e, naturalmente, a pandemia”, diz o presidente do TPNC, Luís Pedro Martins.

Apesar do atraso, o responsável de um dos parceiros do projecto acredita que as duas embarcações a ligar as quatro cidades são “o início da promoção da rota fluvial” do rio Minho.

Prevendo que atraia visitantes não só da eurorregião mas também “de outros pontos de Portugal e Espanha” e do “Brasil”, Luís Pedro Martins entende que o projecto vai “cumprir o objectivo de melhorar o turismo transfronteiriço de natureza” e potenciar outros pontos de interesse “no âmbito do património, da gastronomia e dos vinhos”.

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