Companhia parisiense de táxis congela frota de Teslas após acidente fatal. Empresa de Musk diz que não houve falha técnica

Uma pessoa morreu e 20 ficaram feridas, três com gravidade. Empresa de táxis G7 suspendeu a utilização dos 37 Model 3 na sua frota após o acidente de sábado à noite, que envolveu um dos seus condutores.

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A Tesla tem estado um passo à frente na implementação de sistemas de condução autónoma Reuters/SARAH MEYSSONNIER

Um Tesla Model 3 parou num semáforo vermelho para, logo a seguir, acelerar desenfreadamente, atingindo e arrastando um ciclista, que viria a morrer. A descrição dada pela polícia é baseada em testemunhas e no sistema de videovigilância do condutor do táxi em causa que, também segundo as autoridades, fez o teste de alcoolemia, não acusando álcool no sangue.

Ainda em choque quatro dias após o acidente, testemunhas ouvidas pela Reuters recordaram ter assistido ao carro lavrar através de postes de metal, uma fila de bicicletas de aluguer, um contentor de reciclagem cheio de vidro, transeuntes e uma carrinha antes de finalmente parar. O balanço final, além da vítima mortal, inclui 20 feridos, três em estado grave.

“Pensei que se tratava de um ataque. Havia vidro, pó... Era como se tivesse havido uma explosão”, relatou Tillard Diomande, que estava a servir clientes num restaurante próximo.

Para já, não foi esclarecido se o carro estava a funcionar no modo piloto automático da marca, que assume várias tarefas de condução, mas o ministro dos Transportes francês, Jean-Baptiste Djebbari, avançou à rádio RMC que tinha falado com o chefe executivo da Tesla Europa, que lhe disse não ter havido alertas de segurança sobre o Model 3. O governante acrescentou que o fabricante de automóveis, que recolhe dados detalhados dos sensores e câmaras dos seus veículos, notificou-o de que tinha fornecido todos os dados técnicos relevantes aos investigadores. Ainda assim, a companhia de táxis G7 suspendeu a utilização dos 37 Model 3 da sua frota.

A Tesla, que tem estado um passo à frente na transição para os veículos movidos a electricidade, assim como na implementação de sistemas de condução autónoma — e que, este ano, atingiu um valor de mercado de um bilião de dólares (ou um milhão de milhões) — não respondeu aos pedidos de comentários da Reuters.

Entretanto, a francesa BFM TV informou que o condutor tinha sido colocado sob investigação formal por suspeita de homicídio involuntário. Ao abrigo da lei francesa, uma investigação formal significa que existem “provas sérias ou consistentes” que implicam um suspeito num crime.

Yann Ricordel, vice-chefe executivo da G7, disse à Reuters que o acidente ocorreu quando o funcionário, que se encontrava fora de serviço, estava a usar o táxi da empresa para levar a sua família a um restaurante. De acordo com Ricordel, o motorista tentou travar, mas, em vez disso, o carro acelerou.

No ano passado, o regulador de segurança automóvel nos EUA abriu uma revisão formal a mais de 200 reclamações sobre a aceleração súbita dos Tesla, constatando que os acidentes foram causados por “aplicação incorrecta do pedal", não tendo encontrado defeitos nos sistemas Tesla. A Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário​ (NHTSA, na sigla original) não considerou os defeitos de software na sua investigação, mas os investigadores franceses precisam de olhar para o software como uma possível causa do acidente, ressalvou Philip Koopman, um professor da Universidade de Carnegie Mellon (Pittsburgh, Pensilvânia, EUA), numa publicação no seu blogue sobre segurança dos sistemas de condução autónoma.

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