Revolta na bancada conservadora não trava aprovação de novas restrições em Inglaterra

Noventa e nove deputados do Partido Conservador votaram contra as medidas apresentadas por Johnson. Apresentação de certificado e vacinação obrigatória para os trabalhadores da Saúde entre as medidas aprovadas.

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Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido EPA/UK Parliament/Jessica Taylor / HANDOUT

A Câmara dos Comuns de Westminster aprovou nesta terça-feira as novas restrições e medidas de combate à covid-19 em Inglaterra propostas pelo Governo de Boris Johnson e que incluem a obrigatoriedade de uso de máscara em espaços públicos, a apresentação obrigatória de certificado de vacinação ou de recuperação em vários espaços fechados e a obrigatoriedade de vacinação dos trabalhadores da saúde.

Apesar da aprovação do seu “Plano B”, concebido, em grande medida, para travar a propagação acelerada da variante Ómicron do vírus SARS-CoV-2 pelo Reino Unido, o primeiro-ministro viu dezenas de deputados do seu próprio partido rebelarem-se contra a disciplina de voto, opondo-se contra as medidas.

Tendo em conta os números finais das votações, a revolta consubstancia a maior fissura entre Partido Conservador e Governo de Johnson, longe dos tempos em que o líder tory tinha o controlo e a lealdade quase totais do partido, conseguida em redor da consumação da saída do Reino Unido da União Europeia.

Entre as várias moções que foram votadas na Câmara dos Comuns houve um total de 123 deputados que votaram contra o Governo. Desses, 99 são representantes eleitos pelo Partido Conservador nas eleições legislativas de 2019esperava-se uma debandada entre 60 a 90 deputados conservadores, pelo que os números mostram bem o grau de oposição interna ao primeiro-ministro.

A moção sobre os certificados de vacinação, por exemplo, passou por “apenas” 369 contra 126 votos, ou seja, só teve luz verde por causa da mobilização da oposição.

Entre os “rebeldes” destacam-se muitos dos deputados da linha mais à direita do partido que ajudaram Johnson a ser eleito para o lugar de Theresa May e que apoiaram a sua estratégia kamikaze no Parlamento para forçar o divórcio com a UE.

Muitos destes deputados entendem que as novas restrições não encaixam na narrativa do “enorme muro de imunidade” construído com através da vacinação, promovida por Johnson.

Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista, e os deputados do ultraconservador Partido Democrático Unionista, da Irlanda do Norte – estes últimos habituais aliados dos tories – constam entre os opositores que também votaram contra as medidas.

As votações desta terça-feira tiveram lugar após uma semana difícil para Boris Johnson, acusado, em conjunto com o seu staff, de ter violados restrições e regras de confinamento impostas pelo seu próprio Governo, nomeadamente através da suposta realização de festas de Natal no ano passado, quando os ajuntamentos não eram permitidos.

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