Prémios BPI “la Caixa” Rural apoiam agricultores e migrantes em Bragança e na Guarda

A Bolsa de Colaboração Agrícola e o ROOTS estão entre os 24 projectos de acção social em meios rurais financiados pela terceira edição do prémio.

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Um dos premiados é um projecto da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino JH Joao Henriques

No início do próximo ano, 20 agricultores de zonas desfavorecidas de Miranda do Douro vão acolher 45 estudantes do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) através de um projecto elaborado pela Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), um dos 24 vencedores, conhecidos nesta terça-feira, da terceira edição do Prémio BPI “la Caixa” Rural, destinado a financiar projectos de acção social em meio rural.

A AEPGA, com sede em Atenor, Miranda do Douro, candidatou-se ao prémio com a acção inclusiva Bolsa de Colaboração Agrícola, a qual “quer facilitar a relação entre os agricultores criadores de burros de Miranda – e outras raças – e a comunidade dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) no IPB”, explica Miguel Fernandes Nóvoa, membro da direcção da AEPGA, assinalando que “estudantes nacionais com uma condição socio-económica desfavorável” também serão abrangidos pelo projecto.

A acção, uma das 24 que recebe 29,1 mil euros do BPI e da Fundação “la Caixa”, assenta em duas vertentes. Por um lado, “vai ajudar os agricultores que precisam de mão-de-obra”, por outro, “vai apoiar os estudantes que, deste modo, podem fazer formação, trabalhar e receber dinheiro”, diz o responsável do projecto que vai arrancar já em Janeiro de 2022 e terá a duração de um ano, sendo que a intenção é de renová-lo.

“Este é um projecto-piloto porque a ideia é criar uma dinâmica de proximidade e amizade entre agricultores e estudantes. O projecto visa desenvolver, no futuro e de uma forma sustentável, a formação e a educação de uns e de outros”, refere Miguel Fernandes Nóvoa.

Além da relação interpessoal entre estudantes e agricultores, a Bolsa de Colaboração Agrícola vai disponibilizar câmaras e telemóveis que facilitem a vigilância dos animais de forma remota a seis dos 20 agricultores.

Na Guarda, migrantes vão ter formações para “criarem raízes”

Ainda no interior do país, na Guarda, o projecto ROOTS, da Associação de Apoio à Inclusão de Imigrantes e Refugiados (AIIR) é outro dos financiados pelo Prémio BPI “la Caixa” Rural.

Como a própria designação indica, a acção inclusiva, com início previsto para Janeiro, pretende que “as pessoas tenham meios para criar raízes e sejam totalmente autónomas no meio rural”, adianta Bárbara Moreira, presidente da AIIR.

Para corporizar a ideia, o ROOTS propõe uma escola de formação que dê “apoio à capacitação no mercado de trabalho” a 20 beneficiários, já identificados. “São três famílias de migrantes - oriundas do Uganda, da Nigéria e dos Camarões -, mas também estudantes dos PALOP do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e outras pessoas daqui em situação de vulnerabilidade”, explica a responsável.

O projecto vem no seguimento de um outro, o LAR, iniciado em 2018 pela mesma associação e que acolheu quatro famílias de refugiados na aldeia de Ima.

De lá para cá, diz Bárbara Moreira, os responsáveis da AIIR notaram um “grande gap de competências laborais de quem chegou”, daí a necessidade de emergir o ROOTS. “A língua, a cultura, e o modo de trabalhar são diferentes”, sublinha a presidente da AIIR, exemplificando que na “agricultura na Nigéria não se trabalha da mesma forma que em Portugal”.

A escola formativa vai abranger “formações em soft skills e em cozinhae a criação posterior de estágios em empresas da Guarda ligadas “à agricultura, ao têxtil e à restauração”, existindo a vontade de “construir uma cozinha industrial” que acolha outras iniciativas destinadas aos beneficiários do projecto.

O Prémio Rural resulta de uma iniciativa conjunta do BPI e da Fundação “la Caixa” e atribuiu, no total, 700 mil euros a 24 projectos sociais em meio rural que podem apoiar 4500 pessoas em situação de vulnerabilidade.

Além do ROOTS e da Bolsa de Colaboração Agrícola, foram premiados projectos da AMU - Cooperação e Solidariedade Lusófona por um Mundo Unido, Associação Apojovi, Associação BioLiving, Associação Cultural e Social de Sanfins do Douro, Associação de Desenvolvimento das Terras do Regadio, Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Associação Promoção Social, Recreativa, Desportiva e Humanitária de Maceira, Associação Quinta das Águias, Casa do Povo de Santo António, Centro de Apoio a Idosos de Moreanes, Centro Social do Vale do Homem, Centro Social e Cultural de S. Pedro de Bairro, Centro Social e Cultural de Santo Aleixo, CRESAÇOR - Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL, Human Coop, CRL, Irmandade da Santa Casa da Misericórdia Penalva do Castelo, Reencontro, Associação social, educativa e cultural, Santa Casa da Misericórdia de Alcáçovas, Santa Casa da Misericórdia de Alcanede, Semente de Futuro Cooperativa de Solidariedade Social CRL, Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla - Delegação de Coimbra, e VERDEKUI - Associação de Ação Social.

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