O Estado das gerações

Queremos ser donos do nosso destino. Queremos comprar casa e carro, queremos viajar e investir, queremos escolher quando ser pais e quantos filhos ter. Mais importante, queremos poder escolher ficar no nosso país. Não queremos amarras do Estado e estar predefinidos à nossa bolha. A nossa geração tem muito para dar. Olhem para nós.

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Vivemos num país que nos prende de pés e mãos. O que fazemos e o quanto investimos não reflecte as nossas oportunidades, o quanto ganhamos, a qualidade de vida que temos. Actualmente, quem manda nas nossas vidas é o Estado. Crescemos com barreiras que não podemos controlar. Crescemos sem saber como vai ser o dia de amanhã.

Este é um artigo de jovens para jovens. Deviam-no ler todos, mas nem sempre chegamos a todas as camadas da sociedade. O espaço dos jovens ainda é pequeno. Ainda estamos presos ao que nos permitem fazer e onde nos permitem chegar. Não temos uma palavra a dizer sobre o nosso presente, muito menos futuro.

Parece que, em Portugal, estamos direccionados a chegar só aos nossos semelhantes. À nossa faixa etária. A permanecer na nossa faixa social. Mas queremos mais. Queremos chegar a todos e poder definir o progresso da nossa vida pessoal e profissional. Por exemplo, na educação. Somos ensinados por duas ou três gerações acima a gerir as nossas necessidades do momento. O que aprendemos para o presente é consequência da forma de estar na vida de professores de 50 anos que temos desde os três. De resto, vamos tirando ensinamentos com aprendizagens e influências externas. É positivo depender da forma como nos gerimos na sociedade, mas o problema é que não há nem apoio nem recompensa à altura do desafio. Se o país nos molda assim, como esperamos progresso e desenvolvimento?

Dar voz aos mais jovens é um desafio, mas de todos os desafios vêm aprendizagens e crescimento. As gerações mais velhas têm experiência e um conhecimento geral. As gerações mais jovens conseguem juntar a isto um dinamismo, conhecimento tecnológico e vontade de lutar pelo futuro. Na verdade, porque esse ainda será nosso, porque esse futuro nos pertence.

Se para os problemas actuais houvesse a voz dos mais jovens, talvez fosse possível apressar e dar mais seriedade a alguns assuntos. Somos a próxima geração de pais, de CEO, de políticos. Portanto, se queremos um futuro sustentável para os nossos filhos, netos e para a nossa reforma, sabemos que temos de agir. Se somos nós quem vai acarretar com as consequências das decisões actuais, queremos ter uma palavra a dizer.

Queremos um país habitável para os nossos filhos, como os nossos pais nos proporcionaram. Queremos um futuro onde haja progresso e recompensa para o investimento feito na carreira. Queremos um futuro onde possamos discutir mais para além de alterações climáticas, porque as decisões presentes não consideraram um progresso económico que permitisse pôr em andamento soluções para um planeta sustentável e um controlo das suas consequências.

Queremos ser donos do nosso destino. Queremos comprar casa e carro, queremos viajar e investir, queremos escolher quando ser pais e quantos filhos ter. Queremos optar pelo litoral ou interior, sem prescindir de qualidade de vida ou carreira profissional, respectivamente. Mais importante, queremos poder escolher ficar no nosso país. Não queremos amarras do Estado e estar predefinidos à nossa bolha. A nossa geração tem muito para dar. Olhem para nós.

A pandemia veio mostrar o quão sensíveis estamos a abanões. A solução está na liderança, na cooperação e na comunicação. Não podemos olhar para o nosso umbigo quando temos provas de que depende de todos. Se a união entre nações é importante, a cooperação de gerações também o é. Queremos um país que nos ouça, que nos permita ter uma palavra no presente para construir o futuro.

No final de contas, somos a geração dos 20 que quer dar a mão à geração dos 50. Deixem-nos.

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