Calma, Larry! mantém o nível

A 11.ª temporada da série cómica em que Larry David, o multimilionário co-criador de Seinfeld, faz dele próprio, começou em Outubro na HBO Portugal e acaba a 27 de Dezembro.

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Susie Essman, Lucy Liu e Larry David na 11ª temporada de Calma, Larry! DR

Sempre que dá na cabeça de Larry David há uma nova temporada de Calma, Larry!, a série da HBO em que o multimilionário co-criador de Seinfeld faz dele próprio, com todas as suas manias e regras para a vida, bem como a sua extrema irritabilidade, à vista. A época mais recente, a 11.ª, estreou-se em Outubro e está a chegar ao fim (o último episódio terá estreia na HBO Portugal a 27 de Dezembro), com episódios novos todas as segundas-feiras. Mantém o nível de sempre, com conceitos memoráveis (como, por exemplo, a ideia de ter de haver uma pessoa boa a conduzir e galvanizar conversas no meio de uma mesa quando há almoços ou jantares de grupo), gente com muita piada, e situações em que o egoísmo ou só o azar de Larry, mas também de outras personagens, se volta contra elas no fim. O nome português, a anos-luz do original, Curb Your Enthusiasm, continua grotesco e desadequado, com o ponto de exclamação típico de quem quer indicar que uma comédia é muito tresloucada ou algo do género.

Para uma série centrada em alguém cuja persona cómica é essencialmente a definição de “distanciamento social”, Calma, Larry! evita mais ou menos a pandemia, que, naquele mundo, já veio e já passou. Em entrevistas, Jeff Schaffer, que é quem está ao comando da escrita (as situações são escritas e planeadas, os diálogos são quase todos improvisados), diz que seria demasiado óbvio ter Larry a lidar com toda a nova realidade em que vivemos. É uma boa escolha.

Nesta nova época, Larry está a desenvolver uma série baseada na sua infância em Brooklyn, com todas as irritações que isso comporta, a lidar com egos de actores e executivos ou imposições de elenco para se safar de outras situações. Larry trava amizade com membros do KKK, inimizade com cozinheiros de restaurantes japoneses, decide não ir a um funeral porque o seu atalho de trânsito favorito foi descoberto por muitas pessoas e não está para estar em filas, torna-se protagonista de um vídeo viral em que anda à luta com uma motorista, entre muitos outros imbróglios. David continua a conseguir transformar as suas preocupações peculiares, de uma pessoa que vive um tipo de vida altamente privilegiado e diferente da larga maioria do resto do mundo, em universais, precisamente por causa da especificidade da sua comédia. É algo em que Jerry Seinfeld, o seu colega de Seinfeld, não tem sido tão bem sucedido.

Nota-se, na série, um vazio na ausência de Bob Einstein, que morreu em 2019. A sua personagem, Marty Funkhauser, era uma peça fundamental da equação, colmatada com a entrada de Vince Vaughn no papel do seu irmão Freddy Funkhauser. O irmão verdadeiro de Einstein, a lenda da comédia Albert Brooks, aparece no primeiro episódio desta época, a organizar um funeral para ele próprio enquanto está vivo. Além deles, há nomes como Lucy Liu, Jon Hamm, Woody Harrelson, Seth Rogen ou os recorrentes Richard Lewis e Ted Danson, que fazem todos deles próprios, ou Tracey Ullman, Patton Oswalt, Bill Hader, Julie Bowen ou Kaley Cuoco.

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