Macron orgulhoso pela Nova Caledónia continuar francesa após “não” à independência em referendo

Independentistas criticaram o calendário do referendo e boicotaram-no. Presidente francês reconhece “divisão” e promete diálogo.

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Emmanuel Macron diz que resultado do referendo "é um orgulho e um reconhecimento", mas reconhece "divisão" SARAH MEYSSONNIER/Reuters

O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou “orgulho” por a Nova Caledónia decidir continuar a ser francesa, após um terceiro referendo, e pediu que se abra “uma nova fase de diálogo” com este arquipélago do Pacífico.

“Os caledónios optaram por permanecer franceses, livremente. Para toda a nação, é um orgulho e um reconhecimento”, disse Macron, num discurso na televisão neste domingo, minutos após serem divulgados os resultados finais do terceiro referendo.

De acordo com os resultados oficiais, 96,49% dos eleitores manifestaram-se contra a independência do arquipélago situado no Pacífico Sul, e 3,51% escolheram o ‘sim”.

A abstenção rondou os 66%, depois de os boicotes às urnas pelos independentistas, que alegaram a impossibilidade de organizar “uma campanha justa” devido aos efeitos da pandemia de covid-19 no território, e apelaram para que o resultado da consulta não seja reconhecido.

Esta consulta deveria pôr fim ao processo de descolonização iniciado há 30 anos e que previa três referendos, sendo o terceiro realizado caso os dois primeiros tivessem resultados a favor da manutenção do statu quo, como aconteceu.

No entanto, o Governo francês garantiu que manterá abertas as portas para a autodeterminação da colónia, assim reconhecida pela França e pela ONU, localizada a 37 mil quilómetros da metrópole e 3 mil a leste da Austrália. O arquipélago, anexado em 1853, é um dos últimos resquícios do império colonial francês, e tem uma posição estratégica no Oceano Pacífico.

Macron reconheceu que a população do arquipélago “continua dividida”, como demonstram os resultados dos três referendos, e garantiu que vai abrir um novo diálogo com todas as forças políticas da ilha.

O Presidente francês indicou que vai trabalhar com as autoridades locais, que gerem todas as competências, excepto segurança, defesa, justiça e política externa.

Macron garantiu que a prioridade é reduzir as desigualdades, melhorar a economia do arquipélago, que está muito dependente das suas reservas de níquel, criar um modelo de crescimento “respeitador da natureza”, melhorar a situação das mulheres e preservar a Nova Caledónia das “fortes tensões actuais” na região, marcada pelas ambições chinesas.

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