Governo australiano diz que “não faz parte do caso” de extradição de Assange

Austrália assegura que vai respeitar as decisões da Justiça britânica e garante que não se vai intrometer no processo de extradição do activista para os EUA.

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Manifestação de apoio a Assange em Londres ANDY RAIN/EPA

O Governo da Austrália afirmou este domingo que “não faz parte do caso” da extradição para os Estados Unidos do activista australiano Julian Assange, assegurando que “continuará a respeitar o processo jurídico do Reino Unido” contra o fundador da WikiLeaks.

A Justiça britânica deu luz verde para Assange ser extraditado para os Estados Unidos para ser julgado por 18 crimes de espionagem e intrusão informática, depois de ter exposto abusos dos norte-americanos nas guerras no Iraque e no Afeganistão.

Na sequência de vários apelos para o Governo australiano intervir no processo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou que está a “acompanhar de perto o caso” de Assange, tal como fazem “com outros australianos detidos e sujeitos a processos judiciais no estrangeiro”.

“A Austrália continuará a respeitar o processo jurídico do Reino Unido, incluindo quaisquer outros recursos de acordo com a lei britânica”, afirmou um porta-voz do ministério, segundo o jornal The Guardian.

Na sequência da decisão do tribunal britânico, O Partido Trabalhista australiano disse que o assunto estava “a arrastar-se há demasiado tempo” e que o Governo do primeiro-ministro Scott Morrison deve “fazer os possíveis para incentivar o Governo dos EUA a pôr fim a este assunto”.

Os Verdes também apelaram à ministra dos Negócios Estrangeiros, Marise Payne, pedindo que “fale urgentemente com os Estados Unidos e que lhes diga para retirarem estas acusações absurdas e acabarem com a tortura de Assange”.

Na passada sexta-feira, o Tribunal da Relação de Londres deu razão a Washington num recurso contra uma decisão de Janeiro passado que tinha negado a extradição do activista por considerar que existia um elevado risco de suicídio.

O caso vai agora regressar ao Tribunal de Magistrados de Westminster, de primeira instância, para ser encaminhado para a ministra do Interior, Priti Patel, que deve decidir se executa a extradição.

A defesa do jornalista já anunciou que vai esgotar todos os recursos, enquanto Assange permanece em prisão preventiva na prisão de Belmarsh, em Londres.

Os Estados Unidos acusam Julian Assange de 18 crimes que, segundo a defesa, podem levar a 175 anos de prisão. As publicações no site WikiLeaks, em 2010 e 2011, expuseram abusos dos Estados Unidos no seu centro de detenção em Guantánamo (Cuba), bem como alegados crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão.

Detido inicialmente em 2010, a pedido da Suécia, por um caso de alegados crimes sexuais, que foi mais tarde arquivado, o jornalista encontra-se no Reino Unido há mais de uma década, apesar de não ter sido condenado por qualquer crime.

O fundador do WikiLeaks, de 50 anos, refugiou-se durante sete anos na Embaixada do Equador em Londres, entre 2012 e 2019, quando as autoridades equatorianas decidiram retirar-lhe o direito de asilo, permitindo a sua detenção pelas autoridades britânicas.

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