Arquitectura

Esta casa gira e volta a girar, em busca do Sol ou da sombra

Pedro Bandeira
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Pedro Bandeira

É uma casa que gira, gira e volta a girar, em busca da luz, da melhor vista, do que for preciso — basta premir um botão. 

“Quando está Sol, vira-se mais para o Sol; noutros dias pode virar-se para Coimbra. E já aconteceu estarmos à espera do serralheiro e rodarmos a casa para vermos a entrada”, descreve Pedro Bandeira, o arquitecto que desenhou esta Casa Rotativa, concluída em 2018, em conjunto com o irmão, Filipe Bandeira, engenheiro e proprietário desta habitação-girassol, que há um par de semanas venceu a primeira edição do Prémio Sustentabilidade e Inovação, da Ordem dos Arquitectos e do Fundo Ambiental. Por ser um “edifício-engenho” que, na senda da “arquitectura vernacular dos faróis ou moinhos de vento”, se apresenta “igualmente mágico e útil em matéria de sustentabilidade”, como escreveu o júri.

Foi uma casa que, conta o arquitecto, só foi possível por causa do seu irmão, o autor da “maior ponte pedonal suspensa do mundo”, inaugurada em Abril em Arouca. “É um engenheiro com à vontade para fazer obras exigentes e particulares”, relata Pedro Bandeira, para quem seria “difícil convencer um cliente” a arriscar uma ideia que não é propriamente “inovadora”, mas que não se vê aplicada à habitação. E assumindo, à partida, um “orçamento limitado”: o custo da construção acabou por ficar nos 850 euros por metro quadrado.

Um software indica a data em que estamos, a hora a que o Sol nasce. Até poderiam ter feito tudo para que o processo de rotação fosse automático  “só que é muito mais divertido assim”. “O modo como usamos a casa, actualmente, é fazê-la rodar quando nos apetece”, graceja Pedro. Essa parte do “gozo”, de um “jogo na arquitectura” é particularmente “interessante” para o arquitecto, e anda de mãos dadas com a questão da eficiência energética e sustentabilidade. 

“Nos dias frios, em que há Sol, a casa aquece sem que seja necessário aquecimento adicional de energia eléctrica”, exemplifica. Não há cá ar condicionado, mas sim outros sistemas, como ventilação cruzada transversal. “E no Verão, se estiver demasiado quente, pode virar-se a parte envidraçada para Norte.” Bastam seis minutos para dar a volta  ou 16, na velocidade mais lenta.

Pedro Bandeira
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Paulo Catrica
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