Cartas ao director

Eduardo Cabrita

Este caso do ministro Eduardo Cabrita e do acidente que culminou, agora, com a sua demissão é de uma extrema gravidade pelo que revela da dimensão humana do homem. As atitudes que tomou, as frases que proferiu, são de uma cobardia enorme, de uma fuga às responsabilidades que, em alguém que faz(ia) parte de um governo da Nação, nos fazem recear o pior.

Saberá o (ex)ministro o que é uma relação de dependência hierárquica? Saberá que o motorista que guiava a viatura ao serviço do Estado era o seu motorista e não um desconhecido motorista de qualquer táxi que tivesse tomado. Era um profissional que estava ao seu serviço, sujeito às suas ordens e de si dependente para cumprir o que o ministro ordenasse. Terá o ministro percebido que essa dependência hierárquica implica relações de poder e de responsabilidade que não se podem alienar, desresponsabilizando quem manda e atribuindo culpas a quem obedece? E compreenderá o (ex)ministro que o seu comportamento neste caso o desqualifica para o exercícios de funções de responsabilidade onde quer que seja necessária uma relação hierárquica livre, justa e compreendida e assumida quer por quem manda quer por quem obedece?

Por muito menos outros souberam assumir responsabilidades, que não culpas, e tomado decisões correctas sem sacudir para terceiros o ónus que si lhes cabia.

Jorge Mónica, Parede

“Para o Norte, caminho aberto”

Como Amigo da Ferrovia, como revoltado pelo impasse das ligações de Lisboa a Madrid e a Hendaye, não posso deixar de aplaudir a tese do meu consócio Manuel Tão, com o título em epígrafe e publicada na vossa edição de ontem. Muito obrigado ao Manuel Tão, por vir a público na defesa do eixo Porto-Nordeste Transmontano-Espanha e muito obrigado ao vosso (nosso) jornal pela divulgação que tem feito da temática ferroviária, com os artigos do Carlos Cipriano e, agora, do Manuel Tão.

Manuel Guedes-Vieira, Lisboa

Tenha Costa cuidado com este Rio

O PSD ganhou uma oportunidade de diamante para derrotar os socialistas. Coisa que, aliás, Paulo Rangel não tinha condições para conseguir. No Congresso Nacional, o estilo galo de briga foi derrotado pelo cavalheirismo de Rui Rio. Venceu a facção capaz de derrotar o revisionismo socialista. António Costa que se cuide na corrida para São Bento. Porque é evidente que a credibilidade cresce à volta do universo político de Rui Rio.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

O Papa em Lesbos

O Papa Francisco deu no domingo um exemplo inesquecível de solidariedade paterna, humanismo e desprendimento pelo Eu, ao fazer a visita ao campo de refugiados na ilha grega de Lesbos. É emocionante vê-lo marchar durante longos e vibrantes momentos, aos 84 anos, sem máscara, de mãos abertas, tocando os rostos e afagando inúmeras crianças, penduradas ao colo do pai ou da mãe, com um sorriso fraterno, totalmente exposto (à infecção pela covid-19 ou a alguma agressão imprevista), e sem qualquer contenção na expressão das emoções. Esta visita do Papa Francisco a terras gregas e a Chipre é, por si só, uma peregrinação original e de grande visão de abertura das portas da Igreja Católica, tal como muito bem sublinhado pelo teólogo e colunista Frei Bento Domingues neste jornal, mas esta visita aos refugiados em Lesbos é um acto de verdadeira entrega ao Outro, seja ele natural do Iraque, República do Congo, ou de outras terras longínquas - tão dificilmente franqueadas. 

Helena Oliveira Sá, Coimbra

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