Olaf Scholz já é chanceler da Alemanha no primeiro dia da era pós-Merkel

Merkel assistiu à sessão sentada na tribuna dos visitantes e recebeu durante largos minutos uma ovação de pé dos parlamentares. Os 16 ministros do novo executivo – sete do SPD, cinco dos Verdes e quatro do FDP – já estão em funções.

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O novo chanceler e os novos ministros numa cerimónia com o Presidente, Frank-Walter Steinmeier HANNIBAL HANSCHKE/Reuters

O social-democrata Olaf Scholz tornou-se esta quarta-feira o novo chanceler alemão, num dia que assinala o adeus definitivo a Angela Merkel e a tomada de posse do novo Governo de coligação que junta pela primeira vez o Partido Social-Democrata (SPD), os Verdes e o Partido Liberal democrata (FDP).

Os deputados da câmara baixa do Parlamento (Bundestag) confirmaram Scholz, com 395 a votar para o eleger – bem acima dos 369 de que precisava mas abaixo dos 416 que teria tido se todos os membros da chamada “coligação semáforo” votassem a seu favor, isto porque muitos faltaram à sessão por estarem doentes. Houve ainda 303 votos contra e seis abstenções.

“Eu disse ‘sim’”, escreveu Scholz no Twitter, depois de ter sido chamado pela nova presidente do Bundestag, Bärber Bas, para aceitar a nomeação. O Presidente, Frank-Walter Steinmeier, entregou-lhe em seguida o seu “acto de nomeação” (a Scholz e a todos os membros do seu gabinete), marcando o início oficial do mandato.

Merkel assistiu à sessão sentada na tribuna dos visitantes e recebeu durante largos minutos uma ovação de pé dos parlamentares de todos os partidos, menos da extrema-direita da AfD (Alternativa para a Alemanha). Na mesma tribuna estava também Gerhard Schröder, o último chanceler social-democrata antes do início da era Merkel, em 2005.

A Scholz os deputados dedicaram duas ovações, uma quando se anunciaram os resultados da votação e recebeu o tradicional ramo de flores, outra quando aceitou os resultados perante Bas e esta lhe desejou “muita sorte”. Ao início da tarde vai ser recebido por Merkel para a transferência de funções na chancelaria.

O novo líder da maior economia europeia era até agora vice-chanceler e ministro das Finanças do Governo de grande coligação de Merkel. Sucede-lhe aos 63 anos e depois de ter levado o seu partido à vitória nas eleições de 26 de Setembro, quando obteve 25,7% dos votos.

Após dois meses de negociações, Scholz apresentou no fim de Novembro o acordo de coligação, um contrato de 177 páginas onde os partidos se comprometem a aumentar o uso de energias renováveis para 80% nos próximos nove anos (acelerando a descarbonização) e a avançar com muitas medidas sociais, incluindo o aumento do salário mínimo para 12 euros/hora. A digitalização e a modernização do país são outras palavras fortes do documento assinado pelos três parceiros que se preparavam para governar num momento de enorme crise por causa da pandemia de covid-19.

Os 16 ministros do novo executivo – sete do SPD, cinco dos Verdes e quatro do FDP – vão receber as pastas dos seus antecessores ao longo do dia. O próprio Scholz vai fazer um briefing ao novo ministro das Finanças, o líder dos liberais, Christian Lindner.

Entre as primeiras reacções externas, o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse a Scholz que os dois países “vão escrever o novo capítulo juntos”, trabalhando “pelos franceses, pelos alemães, pelos europeus”. Macron agradeceu ainda a Merkel por “nunca esquecer as lições da história, por fazer tanto por nós, connosco, por fazer avançar a Europa”. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (que é membro do partido de Merkel, a CDU), desejou a Scholz “um bom começo” e disse estar pronta a cooperar com o novo chanceler na construção de “uma Europa forte”.

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