Países pobres ficam para trás na eliminação de gorduras prejudiciais dos alimentos, alerta OMS

A gordura trans é um composto artificial com uma longa vida útil, que é utilizada para fazer frituras, bolos, biscoitos, óleos de cozinha, pastas e alimentos embalados.

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As gorduras trans são prejudiciais à saúde Jonathan Borba/Unsplash

Enquanto os países mais ricos estão a fazer progressos na eliminação da gordura trans, que é prejudicial à saúde, nos países mais pobres verifica-se um aumento do número de doenças cardíacas devido à ingestão dessas gorduras, avança a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A gordura trans é um composto artificial com uma longa vida útil, que é utilizada para fazer frituras, bolos, biscoitos, óleos de cozinha, pastas e alimentos embalados. O consumo de gordura trans pode aumentar os níveis de colesterol no corpo e o risco de doenças cardíacas.

“Podemos eliminar essa gordura prejudicial à saúde e substituí-la por óleos saudáveis. Isso levaria a (prevenir) cerca de 500.000 mortes por doenças cardiovasculares a cada ano”, avança Francesco Branca, director de nutrição e segurança alimentar da OMS.

Quarenta países adoptaram “políticas de melhores práticas” para remover a gordura trans produzida industrialmente dos alimentos até 2023, uma meta estabelecida pelos ministros da saúde em Maio de 2018, sublinha a OMS num relatório apresentado na terça-feira. Essa decisão protegeu 1,4 mil milhões de pessoas. “No entanto, os países com mais gordura trans nos seus alimentos ainda precisam aprovar políticas no mesmo sentido”, diz o documento. “Ainda há um longo caminho a percorrer para atingir a meta da OMS.”

Dez dos 15 países que se estima ter o maior peso de doenças por causa das gorduras trans não adoptaram tais políticas, continua o relatório, citando dados do Institute for Health Metrics and Evaluation. Essas nações são: Egipto, Irão, México, Azerbaijão, Equador, Paquistão, República da Coreia, Butão, Nepal e Austrália.

Os países que produzem óleo de coco e óleo de palma levantaram preocupações políticas e económicas sobre estas recomendações pois limitam o uso de óleos ricos em ácidos saturados, disse a OMS.

“Basicamente, a nossa sugestão é para que substituamos a gordura trans industrial por gordura insaturada, geralmente óleos que vêm de soja, da colza e diferentes óleos vegetais”, continua Francesco Branca. “Na verdade, gostaríamos de evitar a mudança para outros óleos que sejam baratos e amplamente acessíveis, como o óleo de palma, porque este tem uma alta concentração de gordura saturada”, diz. Embora, o óleo de palma possa ser processado por meio de novas tecnologias para incluir um “componente saudável”, acrescenta.

A Aliança Internacional de Alimentos e Bebidas comprometeu-se a eliminar a produção de gordura trans industrial até 2023, informa Francesco Branca, acrescentando que a OMS está monitorando essa evolução. “Também estamos a dialogar com grandes fabricantes de petróleo, o que é um desenvolvimento importante”, conclui.

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