DGS recomenda vacinação contra a covid-19 das crianças dos 5 aos 11 anos

Decisão da DGS foi tomada com base num parecer da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19. Será dada prioridade às crianças com doenças consideradas de risco para covid-19 grave. No total, 637.907 crianças são elegíveis para a vacinação. Vacina utilizada será a da Pfizer.

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Reuters/HANNAH BEIER

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) decidiu, esta terça-feira, recomendar a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, com “prioridade para as crianças com doenças consideradas de risco para covid-19 grave”, revelou em comunicado a autoridade da saúde.

A vacina a utilizar será a Comirnaty (a da Pfizer-BioNTech), que tem, à data, parecer positivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para a formulação pediátrica, diz a DGS.

“Esta recomendação surge na sequência da posição da Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 (CTVC), que considerou, com base nos dados disponíveis, que a avaliação risco-benefício, numa perspectiva individual e de saúde pública, é favorável à vacinação das crianças desta faixa etária”, lê-se no comunicado. 

Também foram considerados “os contributos de um grupo de especialistas em pediatria e saúde infantil”, bem como de outros membros consultivos. A comissão afirma ainda que “se deve manter o acompanhamento da situação epidemiológica, da evidência científica e de recomendações dos Estados membros”. A luz verde dada agora à vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos “pode ser alterada sempre que se justifique, nomeadamente caso venham a ser conhecidos mais dados sobre novas variantes”, sublinha a DGS.

Este assunto tem dividido especialistas, com alguns a defender a vacinação deste grupo, que regista agora um elevado número de infecções, e outros a posicionarem-se contra, argumentando que a vacinação não tem grandes benefícios neste grupo etário.

Mas a DGS afirma que o número de novos casos em crianças tem vindo a aumentar e que apesar de a doença nestas faixas etárias ser geralmente ligeira, “existem formas graves de covid-19 em crianças”. “O risco de hospitalização é maior em crianças com doenças de risco, contudo, muitos dos internamentos ocorrem em crianças sem doenças de risco”.

Para esta sexta-feira, dia 10 de Dezembro, fica marcada uma conferência de imprensa para prestar “esclarecimentos técnicos adicionais” e informações sobre o calendário de vacinação e respectiva logística.

Quase 640 mil crianças chamadas à vacinação

Na última conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros, quando foram anunciadas as novas medidas para o mês de Dezembro e início de Janeiro, o primeiro-ministro, António Costa, referiu que são elegíveis para a vacinação dos cinco aos 11 anos 637.907 crianças.

Antes mesmo de a decisão da autoridade nacional da saúde ser conhecida, Costa adiantou que Portugal estava preparado para avançar com a vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos, uma vez que o Governo já contratou o fornecimento de mais de 600 mil vacinas pediátricas. As primeiras 300 mil vacinas da Pfizer chegam a Portugal a 13 de Dezembro, anunciou esta segunda-feira o secretário de Estado Adjunto e da Saúde. Depois, durante o mês de Janeiro, chegarão mais 400 mil vacinas. 

“Estamos neste momento à espera da decisão da Comissão Técnica de Vacinação, que esperamos seja uma decisão favorável, para vacinação das crianças até aos 11 anos, havendo ainda depois dessa decisão o parecer [da DGS], e a nós o que nos compete, enquanto Governo, é ter todo o planeamento e toda a logística (…) para estarmos preparados para vacinar e é isso que estamos a fazer”, disse António Lacerda Sales.

O governante tinha referido, no domingo, que será preciso que os pais adiram ao processo. “Espero, também, que haja uma adesão grande por parte dos pais das crianças porque estamos a falar de crianças ainda sem autonomia para poderem decidir”, assinalou, frisando que a vacinação “é feita com segurança e tem eficácia, isso é que é importante”. 

Também o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, assegurou esta segunda-feira que tudo estará preparado para a vacinação das crianças a partir dos 5 anos e afirmou esperar que o processo decorra de forma rápida e extensa.

O que diz o Centro Europeu de Doenças

Na sexta-feira, a DGS avançava que o processo de avaliação da vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos ainda estava a decorrer, explicando que a Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 (CTVC) se encontrava a analisar “as considerações remetidas pelo grupo de especialistas em pediatria e saúde infantil”, recebida na sexta-feira à tarde, bem como “outros documentos relevantes para a elaboração das recomendações, nomeadamente o documento técnico do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) sobre esta matéria que foi publicado no dia 1 de Dezembro”.

O ECDC defende, nesse documento, que as crianças entre os 5 e os 11 com factores de risco de doença grave “devem” ser consideradas um grupo prioritário para a vacinação. Quanto à vacinação das crianças em geral, refere que esta “pode” ser considerada, deixando a decisão ao critério de cada país, mas sublinha que a protecção dos adultos é a “principal prioridade” nesta altura.

Recorde que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) tinha recomendando, no fim de Novembro, alargar a indicação da vacina contra a covid-19 da Pfizer-BioNTech para crianças entre os cinco e os 11 anos, que até agora só podia ser usada em maiores de 12 anos. A vacina tem uma fórmula pediátrica, adaptada a estas idades, e é administrada por duas vezes, com um intervalo de três semanas. Tem uma dosagem diferente da vacina usada para os maiores de 12 anos: são apenas dez microgramas de substância activa, o ARN mensageiro, quando a vacina para adultos tem 30 microgramas.

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