Expresso Transatlântico estreiam no Maria Matos o seu primeiro disco

Os irmãos Sebastião e Gaspar Varela formaram com Rafael Matos um trio instrumental que estreia esta terça-feira ao vivo o seu primeiro disco. Eis os Expresso Transatlântico.

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Expresso Transatlântico: Sebastião e Gaspar Varela e, em pé, Rafael Matos DR

Gaspar Varela já todos conhecem: é o jovem guitarrista, bisneto de Celeste Rodrigues, que lançou em 2018 (aos 15 anos) o seu disco de estreia e que andou pelos Estados Unidos em tournée com Madonna. E do seu irmão Sebastião Varela já terão ouvido falar, pelo menos como jovem realizador de cinema (Creating Neptune, 2018; Before the Wind, 2019) ou como produtor do filme Zé Pedro Rock’n’Roll (2019), realizado pelo pai em ambos, Diogo Varela Silva. Agora formaram um trio a que deram o nome de Expresso Transatlântico, com Sebastião Varela na guitarra eléctrica e nos teclados, Gaspar Varela na guitarra portuguesa e Rafael Matos na bateria. Acabam de lançar um EP homónimo e vão apresentá-lo esta terça-feira ao vivo em Lisboa, no palco do Teatro Maria Matos, às 21h.

“Este projecto foi acontecendo”, diz ao PÚBLICO Sebastião Varela. “Eu e o meu irmão tocamos juntos desde que sabemos tocar instrumentos. E o Rafa [Rafael Matos], um amigo nosso que é baterista, também é cá da casa, eu já tinha tido outros projectos com ele há uns anos.” Iam tocando, sem qualquer compromisso ou preocupação. Até que surgiu a ideia de constituírem um grupo: “Quando começámos, o Gaspar estava em tournée com a Madonna nos Estados Unidos, eu tinha acabado de voltar de Londres (estive lá a viver) e eu e Rafa íamo-nos juntando, em minha casa ou em casa dele, para brincar um bocadinho [na música] e ver o que saía.” Lembraram-se de enviar algumas amostras do que iam gravando para que Gaspar pudesse ouvi-las. “Mandámos-lhe algumas maquetas, ele lá dava as ideias dele, ou gravava a guitarra por cima, e enviava aquilo para nós outra vez.”

Foi esse vai-e-vem que acabou por marcar o nome do grupo. “Foi essa coisa de estarmos a passar músicas entre Portugal e os Estados Unidos”, diz Sebastião, que os levou ao nome Expresso Transatlântico. “E também o conceito da banda, porque temos influências muito diversas, semba, mornas, música brasileira, outros cantos do mundo sem ser de Portugal, temos muito esta coisa de jogar com músicas que gostamos de ouvir.” Mas também têm influências anglo-saxónicas, a par do som da guitarra portuguesa de Gaspar Varela. “A nossa cultura ocidental, hoje em dia, vai sempre um bocado para aí”, diz Sebastião. “Mas talvez isso tenha a ver com a nossa aprendizagem como músicos, enquanto crescíamos.”

Pensar além da música

Expresso Transatlântico, o EP de estreia do trio, tem seis temas, três dos quais já tiveram edição em single e videoclipe, todos eles com realização do próprio Sebastião Varela, que já assinara o videoclipe de Mudar de Vida para o irmão. O primeiro foi Primeira rodada, em Julho, seguindo-se Azul Celeste em Outubro e Alfama, Texas em Novembro. Todos eles com uma atmosfera que procura também espelhar o espírito do grupo, diz Sebastião: “Sempre foi a nossa ideia marcarmos isto com todo um conceito visual envolvente. Eu sou realizador, o Rafa também, tentamos ser o mais verdadeiros possível naquilo que estamos a fazer e isso leva-nos a pensar além da música, porque isso também faz parte de nós.”

Dos seis temas do disco, há apenas um cantado, Anda ao mar, com a voz de Sequin (Ana Miró). “Admiramos muito o trabalho dela, sentimos que nesta música havia espaço para uma voz e pensámos na Sequin. Ela ouviu a música, gostou do projecto e decidimos gravar. Ainda por cima numa altura complicada, na fase do primeiro confinamento.” A letra foi escrita pela cantora, a partir da música e de uma ideia pré-existente: “Falámos do projecto, do que andávamos à procura, e ela escreveu a partir do que lhe propusemos”. No disco, além de Sequin, há outros músicos convidados, como Diogo Duque (trompete) ou Paulecas (baixo). “A base do projecto sempre foi muito essa, a de convidar pessoas para tocarem connosco. Ainda nos estamos a descobrir, mas a ideia sempre foi a de termos a nossa sonoridade e convidarmos alguém de fora para juntar a sua música à nossa.”

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A capa do disco

No Maria Matos, além dos temas do disco, serão tocados outros, diz Sebastião: “Vamos tocar os nossos temas e versões de outros que fazem parte das bandas e artistas que nos inspiram, quase em jeito de homenagem.” Quanto a nomes, preferem manter surpresa, mas dão um exemplo: “Vamos tocar uma guitarrada, mais tipicamente ligada ao fado”.

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