Depois de na sexta-feira, dia 26 de Novembro, ter entrevistado Marc Brackett, consultor externo do projecto Academias Gulbenkian do Conhecimento, criado pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) para promover competências sociais e emocionais em crianças e jovens até aos 25 anos — a entrevista foi publicada no domingo passado, no suplemento P2 —; no sábado, embora de folga, não resisti a ir até à Gulbenkian conhecer os projectos. A jornalista Daniela Carmo escreve sobre o impacto desta aposta na vida de 50 mil crianças e jovens. 

Enquanto Marc Brackett, que é professor na Universidade de Yale e fundador do Centro para a Inteligência Emocional da mesma instituição norte-americana, sublinha a importância das competências emocionais e como estas nos ajudam a ser melhores, seja na escola, seja no trabalho; ali, no palco do auditório 1 da Gulbenkian, falavam homens e mulheres entusiasmados com a mudança feita e que poderá continuar a ser levada a cabo para que as crianças e jovens se tornem mais confiantes, tenham auto-estima, mas também empatia para com os outros. “O conhecimento que é o saber sobre as coisas, sobre o mundo, sobre os factos sem o conhecimento que é a capacidade de saber fazer, de saber ser, saber estar, saber relacionar e saber pensar serve de pouco”, defende Pedro Cunha, director do Programa Gulbenkian Conhecimento. 

Também nSenteMente — um outro projecto que nada tem a ver com as Academias, mas que também recebeu financiamento da FCG —, se pretende trabalhar as emoções e a empatia, desmistificando os preconceitos associados a quem sofre de distúrbios psicológicos, através do teatro e pelos testemunhos de algumas moradoras dos bairros sociais do Casal de São José e da Tapada das Mercês, na região de Sintra. Vale a pena ler a reportagem e conhecer algumas destas mulheres, porque a arte pode ajudar a mudar. O espectáculo que estão a construir, partindo das suas histórias, só estreará em Maio que vem.

Segundo dados estatísticos, em Moçambique, 45% das raparigas casa ou engravida antes dos 18 anos, 31% transita para o ensino secundário e apenas 2% chega a acabar o ensino superior. E são precisamente estes os números que o projecto português Girl Move Academy quer combater através de vários programas intergeracionais de mentoria, juntando raparigas que se apoiam umas às outras. Este é uma proposta que envolve também marcas internacionais como a Nestlé ou a Lancôme, na primeira é possível estagiar; a segunda contribui com o seu conhecimento a nível de beleza e de maquilhagem para a auto-estima das raparigas.

Estas são gerações que procuram e lutam pela mudança e a que o mercado está atento, veja-se o anúncio da Elle, que decidiu banir as peles de todas as suas revistas a nível internacional até Janeiro de 2023. “A pele parece estar desactualizada e não está mais na moda, especialmente para a Geração Z, que é o alvo de ouro da indústria da moda e do luxo”, justifica Valeria Bessolo LLopiz, directora internacional da revista.

Atenta está também a italiana Prada cujo jovem herdeiro Lorenzo Bertelli não põe de lado a entrada do grupo no mercado de malas e roupas usadas. Este cresceu nos últimos três anos, impulsionado por compradores mais jovens e mais ecologicamente atentos, que procuram produtos de alta qualidade a preços acessíveis. A expectativa é de chegar a 33 mil milhões de euros neste ano, após um crescimento de 65% entre 2017 e 2021, de acordo com a consultoria Bain. 

Os últimos dois anos não pouparam a indústria da moda que, não só viu fábricas e lojas a fechar por causa dos confinamentos, como assistiu a uma quebra na procura, já que os clientes estiveram longos períodos sem sair de casa. Agora, o futuro é olhado com esperança, como indica o relatório O Estado da Moda 2022, elaborado pela reputada revista The Business of Fashion (BoF) com a consultora de gestão McKinsey & Company e que a jornalista Carla B. Ribeiro leu. O sector da moda espera regressar aos ganhos em 2022, mas tem dois obstáculos para ultrapassar: a crise na cadeia de abastecimento e cumprir as metas para atingir a sustentabilidade.

Na Argentina, três irmãs criaram uma empresa de moda com a qual deram uma nova vida aos sacos de serapilheira que são enchidos de areia na grande formação geológica de xistos de Vaca Muerta, na Patagónia, onde também se extrai petróleo, e usam-nos posteriormente para fazer sapatos, malas e sacos. Em nome do ambiente.

Esta semana, a indústria do luxo ficou mais pobre com a morte do criador Virgil Abloh, aos 41 anos, de cancro. Ao longo da semana as homenagens foram sendo feitas não só nas redes sociais, mas também publicamente, como aconteceu em Londres, no evento Fashion Awards e, no final da semana, na apresentação da última colecção do designer para a Louis Vuitton, em Miami. A jornalista Inês Duarte de Freitas escreveu o seu obituário: Virgil Abloh (1980-2021): o criador que mudou a face da moda de luxo, pelo menos em 3%.

No início da semana, o grupo espanhol Inditex (proprietário de marcas como ZaraPull and BearMassimo DuttiOysho ou Uterqüe) anunciou que Marta Ortega, filha do fundador, Amancio Ortega, foi nomeada para nova presidente da empresa. A empresária de 37 anos está ligada ao grupo espanhol desde 2007, e a partir de Abril de 2022, passa a exercer o cargo de presidente.

Não é presidente, mas é “heroína nacional”. A cantora Rihanna recebeu a honra da mais recente república do mundo, Barbados, situada no lado oriental das Caraíbas. A artista e empresária do mundo da moda e da beleza é uma celebridade na ilha e tem até um dia nacional que não é feriado, mas é celebrado a 22 de Fevereiro. Gosto especialmente desta fotografia onde Rihanna está ao centro, a receber os elogios da primeira-ministra Mia Mottley e, atrás, sentada está a presidente Sandra Mason. Três mulheres em destaque. 

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Em destaque também estiveram Meghan que viu o pedido de recurso do tablóide Mail on Sunday recusado pelo tribunal; a socialite britânica Ghislaine Maxwell cujo caso de abusos sexuais começou a ser julgado. E o actor Alec Baldwin que numa entrevista televisiva nega responsabilidade no tiro que matou Halyna Hutchins.

No Ímpar estamos já a preparar o Natal. Começamos por apresentar propostas de Calendários de Advento, que vão dos 3,20€ aos 620,20€. Apresentamos sugestões para prendas sustentáveis para os mais pequenos, dos brinquedos de plástico reciclado aos de madeira. Prendas para a casa com selo “fabricado em Portugal”. Há também equipamentos tecnológicos que piscam o olho a outros tempos, uma sugestão da jornalista Karla Pequenino. E há discos, numa escolha de João Mestre; bem como livros para miúdos e graúdos, pelas mãos de Rita Pimenta e Isabel Coutinho, respectivamente. 

Há ainda uma sugestão de como se vestir para as festas, também tudo desenhado em Portugal. E se está a pensar em joalharia, a Inês Duarte de Freitas foi auscultar o sector em que as jóias também podem ser uma forma de arte.

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Boa semana!

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1. Morreu Dapin, referência do surf em Portugal​ 
2. Jonathan Anderson: “Quando a pandemia se resolver, a sociedade terá mudado e por isso a moda terá de mudar”
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10. Marc Brackett: “Quando temos competências emocionais, a vida é melhor”​