Néctar das Avenidas: Uma pequena embaixada no centro de Lisboa

Na Néctar das Avenidas, está representada uma parte significativa do país vinícola. Não em volume, antes numa escolha criteriosa feita por quem, antes de fazer do vinho negócio, já o tinha como paixão.

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Sara e João Quintela, proprietários da Garrafeira Néctar das Avenidas, Lisboa
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Garrafeira Néctar das Avenidas, Lisboa
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Garrafeira Néctar das Avenidas, Lisboa

João Quintela estreou-se no negócio do vinho, de forma oficial, há 10 anos. Com a abertura da Néctar das Avenidas, nem mais. A palavra “oficial” é mais do que mero detalhe. João não era propriamente um curioso quando trocou a vida de vendedor de material para infantários pela aventura de ter uma garrafeira. Já tinha passado pela tertúlia de enófilos Os Cinco às Oito, habitués da Garrafeira de Campo de Ourique, e pela entretanto extinta Coisas do Arco do Vinho, em Belém, onde integrava o painel de prova. Numa e noutra, aprendeu que uma garrafeira pode ser mais do que apenas uma loja. E imprimiu esse estado de espírito à sua garrafeira quando decidiu fazer do vinho profissão.

Ao seu lado, tem a filha Sara Quintela, que estudou hotelaria sempre com uma certa inclinação para os vinhos, gosto que lhe nasceu de ir acompanhando as provas do pai. São eles os dois que fazem a selecção daquilo que entra nas prateleiras, guiados não necessariamente por gostos pessoais – até porque divergem com frequência – mas por um critério de qualidade, valor justo e algum esforço por fugir ao mainstream.

A Néctar das Avenidas não é uma loja grande, mas apresenta uma selecção representativa de praticamente todas as regiões do país, Vinhos Verdes incluídos. Nesse capítulo, João tem alguma predilecção por alvarinhos, sobretudo os lançamentos em formato magnum, que gosta de comprar e guardar. Aliás, essa é outra das suas paixões no vinho: “Por definição, não sou fã de vinhos novos”, esclarece. “O alvarinho, então, com a idade, ganha aromas incríveis.” Qual o tempo de espera recomendado? “Cinco a oito anos”, nem hesita.

Importa, contudo, salientar que esta não é uma garrafeira dedicada às raridades. “Não deixo que as haja”, atalha João Quintela. Se sabe que um vinho esgotou no produtor, compra as últimas garrafas da loja para si. “São bons demais, são pérolas”, diz, com a determinação de quem fala de jóias de família, apontando para uma pilha de caixas que guarda atrás do balcão. “Não as vendemos, são para nós.”

O cantinho dedicado aos Verdes varia conforme a época do ano, com a procura a subir no Verão. “Coisa de que discordo”, sublinha. “Percebo o apelo do tempo quente, mas são vinhos para todo o ano.” Entre oscilações e rupturas de stock, tem representados oito a dez produtores, e duas a três dezenas de referências – lote que inclui também a marca da casa Poejo d’Algures.

No tal espírito de ser mais do que apenas uma loja, a garrafeira dos Quintela organiza visitas a produtores, provas comentadas e jantares temáticos, em parceria com um punhado de restaurantes locais que põem o vinho no altar certo. Um desses jantares reuniu, em Junho último, 10 produtores da região dos Vinhos Verdes, na Casa do Bacalhau – e em 2022, prevêem, haverá nova edição. Muito mais do que apenas uma loja, portanto.


Este artigo foi publicado no n.º 3 da revista Singular

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