Covax vai entregar 1,2 milhões de doses de vacinas doadas por Portugal

Ao todo Portugal, doou 2,4 milhões de doses de vacinas ao abrico do mecanismo covax. Agola, Egipto, Senegal, Vietname, e Etiópia são alguns dos países receptores.

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Vacinação contra a covid-19 em Lagos, na Nigéria EPA/AKINTUNDE AKINLEYE

O mecanismo internacional de partilha de vacinas para a covid-19 Covax já tem prevista a entrega de mais de 1,2 milhões das cerca de 2,4 milhões de doses doadas à iniciativa por Portugal. As restantes ainda não foram encaminhadas para países receptores.

Portugal tem doado vacinas de duas formas: através de um compromisso político com países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e Timor Leste, e no âmbito do Covax. Esta iniciativa junta a Organização Mundial de Saúde, às organizações Aliança Global para as Vacinas GAVI e a Coligação para as Inovações de Prontidão Pandémica (CEPI) com o objectivo ajudar os países mais pobres com o processo de vacinação. Ao todo, Portugal já doou 4,4 milhões de doses de vacinas.

O presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), que co-lidera o mecanismo Covax, Durão Barroso, disse à agência Lusa que já foram entregues 658.700 doses de vacinas doadas por Portugal da marca AstraZeneca, de fabrico britânico. Destas, 360 mil das quais foram entregues ao Egipto e 298.700 ao Senegal. O Covax já tem agendada a entrega de 453.600 doses de vacinas disponibilizadas por Portugal a Angola, país que deverá receber no total 931.200 doses de doação portuguesa. “Num futuro próximo”, serão encaminhadas 165.000 doses para a Etiópia, 159.120 para o Vietname e 14.400 para Vanuatu, referiu.

"Qualidade das doações” é problema

A GAVI assinala que “a qualidade das doações tem sido um problema no passado”.

“Isso coloca uma pressão enorme nos sistemas de saúde, que não podem ficar ‘em espera’ para entregas enquanto continuam a fornecer todos os outros serviços vitais que as pessoas precisam”, destacou o ex-presidente da Comissão Europeia, remetendo para uma declaração conjunta do Fundo Africano de Aquisição de Vacinas, que preside, e dos Centros de Prevenção e Controlo de Doenças africanos sobre doses doadas com curta vida útil e ritmos de fornecimento imprevisíveis.

Durão Barroso garantiu que graças aos apelos da GAVI se têm conseguido “doações de maior qualidade” e de forma mais previsível: “há meses, pedimos aos fabricantes que sejam mais transparentes sobre quando disponibilizarão as doses e pedimos aos governos doadores que nos façam doações maiores e mais previsíveis”.

“Enquanto grandes porções da população mundial não forem vacinadas, as variantes continuarão a aparecer e a pandemia continuará a prolongar-se”, destacou o responsável da GAVI, notando que é preciso “saber mais” sobre a variante Ómicron, descoberta na África do Sul e Botswana, países que elogiou pelo “trabalho de detecção e transparência”, dando ao mundo “tempo crítico para preparar e estabelecer vigilância” para a Ómicron.

Durão Barroso defendeu que “os fabricantes e doadores precisam dar visibilidade aos países para implementarem os programas de vacinação contra a covid-19 em larga escala”, intimando também os países receptores a utilizarem “todos os recursos disponíveis para garantir que as vacinas cheguem a quem mais necessita”.

“Só impediremos o surgimento de variantes se formos capazes de proteger toda a população mundial, não apenas os países ricos. O mundo precisa trabalhar em conjunto, para garantir o acesso equitativo às vacinas, agora”, salientou Durão Barroso.

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