Entrada no derby teve “Via Verde” e “portagem”

Há novas regras para ir ao futebol e exige-se teste negativo à covid-19. Na Luz, quem já tinha o controlo feito não ficou livre de passar na “portagem” de quem não tinha. Esse foi um detalhe criticado num plano que, globalmente, deixou os adeptos satisfeitos.

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Um adepto já com a pulseira para entrar no Estádio da Luz Diego Nery
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O Benfica-Sporting marcou a estreia das novas regras de controlo de entrada em eventos desportivos, com obrigatoriedade de teste negativo à covid-19. No Estádio da Luz, o cenário foi assim-assim: sucesso em alguns parâmetros, mas com melhorias por fazer noutros.

Na estrada, ter Via Verde permite aos condutores não pararem na portagem. No Estádio da Luz, a “Via Verde” não evitou o controlo na “portagem”. Quer isto dizer que o sistema que o Benfica criou para agilizar as entradas e o controlo dos testes foi, em tese, bem pensado, mas a aplicação final tem por onde melhorar.

O clube “encarnado” criou postos nos quais os adeptos poderiam levantar pulseiras. Essa pulseira, entregue mediante apresentação do bilhete para o jogo e do teste negativo à covid-19, permitia, depois, que a entrada no recinto fosse mais célere, não estando dependente de confirmação de certificados e demais procedimentos de controlo. O plano correu bem durante umas horas, mas o aproximar da hora do jogo mudou a percepção dos adeptos.

Filas para evitar… filas

A cerca de duas horas e meia do início do derby, as imediações do Estádio da Luz ainda não mostravam que haveria “jogo grande”. Não havia filas na entrada principal e, num dos acessos secundários, as filas que existiam eram para… evitar filas.

Várias pessoas faziam fila para recolherem a pulseira nos vários pontos móveis de levantamento, com colaboradores bem identificados por bandeiras gigantes. “Vai ali ter com aqueles rapazes que têm as bandeiras no ar. Eles dão-te a pulseira”, ouviu o PÚBLICO num diálogo rápido entre dois adeptos benfiquistas - um conhecedor do processo, outro ainda à descoberta. 

Mas poucos eram os desconhecedores, a avaliar pelas palavras de um dos funcionários. “Até agora, tudo impecável. As pessoas estão a colaborar bem e trazem logo tudo preparado para receberem a pulseira. Até porque provavelmente já tinham sido informadas deste processo, o que facilita logo tudo”, apontou ao PÚBLICO.

“Isto das pulseiras parece-me bem pensado. Já tenho a pulseira e agora posso ir comer à vontade, porque a entrada já vai ser mais rápida. Espero eu…”, notou ao PÚBLICO João Milheiros, adepto do Benfica.

Junto a uma das entradas da Luz, o tradicional “olha o cachecol a cinco euros”, gritado pelos vendedores ambulantes, estava a ser abafado e deixado para segundo plano. “Pulseiras à mostra, se faz favor” e “quem tem pulseiras é só mostrar” eram os reptos gritados bem alto, minuto a minuto, por um dos seguranças na entrada do recinto. A ideia era agilizar mais ainda um processo já de si bastante rápido, pedindo que os adeptos recolhessem a camisola, que o frio não estava para aventuras, e erguessem o braço.

A cerca de uma hora e meia do jogo, não havia filas para entrar, mas apenas para pedir a pulseira. “Não foi fácil conseguir a pulseira, mas já vejo daqui que a entrada está a andar bem. Compensa esta espera pela pulseira”, notou Rodrigo Reis, jovem adepto do Benfica. A companheira, sportinguista, não teve problemas em elogiar o processo do clube “encarnado”. “Não quero elogiar muito o adversário, mas sim, está bem organizado”, disparou a “leoa” Matilde, entre risos.

Mudança de opinião

Com o aproximar da hora do jogo já se adensavam as filas nas entradas. O aglomerado fluía com alguma rapidez, mas algumas pessoas não aprovavam que o acesso com e sem pulseira fosse pelo mesmo local. Era como ter Via Verde e parar na portagem. “Eu tenho pulseira, mas tenho de estar aqui na fila na mesma? Faria sentido uma entrada para as pulseiras, que estaria sempre a andar”, apontava Júlio Miguéis, benfiquista.

A hora-limite para levantamento de pulseiras já lá ia. Quem não a levantou até às 20h já não poderia tê-la, pelo que muitas das pessoas que estavam por entrar tiveram de ver confirmados os testes negativos. E nada como uma boa fila para incitar a ira de vários adeptos.

“Isto é vergonhoso. Andamos a brincar aos ‘covides’. Esta fila não tem lógica nenhuma”, disparava um benfiquista junto à entrada principal - e não era o único. Talvez não tivesse sido tão cáustico se visse que alguns dos seguranças olhavam para as folhas brancas de comprovativo de teste negativo à covid-19 de relance, com o nível de detalhe de quem confiava que ninguém arriscaria levar um papel branco que não fosse realmente um teste negativo.

O sistema de pulseira levantada com antecedência pareceu boa ideia e começou a tarde com elogios, mas acabou com críticas de alguns adeptos e carece de melhorias.

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