Alemanha vai impor restrições drásticas aos não vacinados

Merkel e Scholz querem ver aprovada a obrigatoriedade de vacinação, mas a medida ainda terá de passar pelo Parlamento. Quem ainda não está vacinado deixará de poder frequentar todo o comércio não essencial.

Foto
As novas medidas foram anunciadas após um encontro entre Merkel, Scholz e os responsáveis das 16 regiões alemãs Reuters

A Alemanha deverá tornar a vacinação contra a covid-19 obrigatória, anunciou esta quinta-feira a chanceler, Angela Merkel. O país vai também impor medidas mais restritivas para os não vacinados (que não tenham tido covid-19 há pouco tempo), proibindo o seu acesso a todos o comércio considerado não essencial, restaurantes e acontecimentos culturais. “Cultura e lazer estarão apenas disponíveis para os que tiverem sido vacinados ou estiverem recuperados [da doença]”, explicou a chanceler.

A decisão de endurecer as medidas e a intenção de tornar a vacinação obrigatória foram anunciadas no final de uma reunião entre a chanceler cessante, o seu sucessor, Olaf Scholz, e os dirigentes das 16 regiões do país. A obrigatoriedade de vacinação, que Scholz defende, será incluída num projecto de lei que terá de ser debatido no Parlamento e avaliada por uma comissão de ética. A ideia é que entre em vigor em Fevereiro ou Março.

“A situação é muito grave e precisamos de tomar mais medidas, além das que já tomámos”, disse Merkel, numa conferência de imprensa. O país enfrenta uma nova onda da pandemia e luta contra um número elevado de não vacinados: a taxa de pessoas imunizadas com o esquema vacinal completo não chega aos 70%.

As pessoas que ainda não se vacinaram já enfrentavam algumas restrições de acesso há algumas semanas, mas as regras não eram aplicadas no conjunto das regiões. As novas medidas vão impedir estas pessoas de frequentar restaurantes, bares, teatros, cinemas, salas de espectáculo e eventos desportivos, mas também lojas de produtos não essenciais e mercados de Natal, muito frequentados por todo país. Ao mesmo tempo, os não vacinados deverão limitar os seus contactos a um máximo de duas pessoas de outro agregado familiar, tanto dentro de casa como na rua.

Antes da reunião, o ministro da Saúde do Governo Merkel, Jens Spahn, descreveu estas medidas como um dispositivo de “confinamento, por assim dizer, das pessoas não vacinadas”.

Em paralelo, novas restrições vão afectar também o conjunto da população, com a assistência a eventos de massas, como os jogos de futebol da Bundesliga, limitada a 30% da capacidade total de cada recinto. As discotecas nas zonas onde a taxa de contágios semanal ultrapasse os 350 casos por 100.000 pessoas, o que significa actualmente nove das 16 regiões, incluindo Berlim, vão voltar a fechar.

Apesar de a situação se ter estabilizado nos últimos dias, continua globalmente alarmante, com dezenas de milhares de novas infecções do novo coronavírus registadas todos os dias, uma incidência nacional próxima dos 440 e muitos hospitais à beira da saturação. Evocando um contexto “muito, muito difícil”, Scholz, que será confirmado na chefia do Governo pelo Parlamento na próxima quarta-feira, defendeu que “a primeira coisa a fazer é convencer os que ainda não se vacinaram a fazê-lo”.

Sugerir correcção
Ler 69 comentários