Um Natal em Casa de Ary, pela mão e pela voz de Fernando Tordo

Fernando Tordo regressa à sua parceria com Ary dos Santos para a situar agora no Natal. Com uma cantora lírica, coros infanto-juvenis e originais. Começa sábado na Figueira da Foz e vai passar por Sintra, Arcos de Valdevez, Porto e Lisboa.

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Fernando Tordo num dos seus espectáculos em torno de Ary dos Santos FACEBOOK DE FERNANDO TORDO

Voltou aos palcos em Setembro, na primeira edição do Festival Palcos com História, e agora tem cinco concertos anunciados para Dezembro: Natal em Casa de Ary, onde Fernando Tordo vai dar continuidade aos espectáculos que tem feito em torno da sua longa e frutuosa colaboração com o poeta José Carlos Ary dos Santos (1936-1984), mas agora centrados no Natal. O primeiro destes espectáculos é já no sábado, dia 4, na Figueira da Foz, no Centro de Artes Espectáculos (CAE), às 21h30, seguindo-se Sintra, no Centro Cultural Olga Cadaval (dia 7, 21h), Arcos de Valdevez, Casa das Artes (dia 18, 22h), Porto, Casa da Música (dia 19, 21h) e Lisboa, no Teatro Maria Matos (dia 20, 21h).

Para Fernando Tordo, voltar ao repertório com Ary dos Santos faz sentido agora, como ele diz ao PÚBLICO: “Ou o Natal é apenas uma festa das crianças, o que não é verdadeiro, porque isso só apela para um certo comércio, ou então podemos celebrá-lo de outra forma. E fazendo eu os concertos Natal em Casa de Ary, isso apela a um determinado tipo de repertório que fizemos ao longo da nossa vida e que tem a ver com canções feitas para o Natal.” Uma dessas canções, diz Fernando Tordo, é fundamental: “É a canção onde aparece a célebre frase ‘Natal é quando um homem quiser’. Esta frase, que é histórica e ainda hoje é utilizada por toda a gente, é de uma canção que eu fiz com ele, chamada justamente Quando um homem quiser e que fizemos para o Paulo de Carvalho.” A par desta canção, que se ouvirá no espectáculo, entrarão outras de um álbum colectivo editado em 1976 pela Toma Lá Disco: “É o celebérrimo Operários do Natal, um disco histórico e insubstituível. Toda a gente o procura, só que não houve reedição. Mas quase 50 anos depois é muito agradável estar num palco e poder cantar duas ou três cantigas dele.”

Com textos de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa, músicas e vozes de Carlos Mendes, Fernando Tordo e Paulo de Carvalho, arranjos de orquestra de Joaquim Luís Gomes e José Luís Simões e narrativa de Maria Helena D’Eça Leal, Operários do Natal tinha oito canções: Os pais, O lenhador, A costureira, Os carteiros, Os palhaços, O pasteleiro, Os vendedores e Os amigos. Destas, Tordo cantará algumas, e com a participação de coros infanto-juvenis em cada uma das localidades onde o espectáculo for apresentado. “Há um coro local em cada sítio onde vamos e já estão devidamente ensaiados pelos seus professores e os seus maestros.” Quanto às canções, serão cantadas pelo menos a que abre e a que fecha o disco, Os pais e Os amigos.

Além dos coros, que trarão para o palco dezenas de crianças e jovens, Fernando Tordo apostou também numa voz feminina: “Eu quis muito que não houvesse apenas uma presença masculina no palco, queria uma presença feminina, mas que não fosse só isso, que fosse também uma cantora e uma cantora lírica. E consegui encontrar essa pessoa: chama-se Catarina Padinha, canta muito bem e está no momento certo de cantar outras coisas fora do repertório do canto lírico. Está a ser uma experiência muito interessante e é a grande novidade destes concertos.”

Além de Fernando Tordo e Catarina Padinha (vozes), estarão em palco os músicos Valter Rolo (piano) e Lino Guerreiro (saxofones e flautas). No repertório, além das já citadas Quando um homem quiser e algumas canções do disco Operários do Natal, haverá outras canções que se integram no espírito do concerto e também alguns originais. “Há dois temas originais que fiz para ela cantar, teremos a Estrela da tarde, em que ela faz um backing vocal, e há temas do repertório clássico, como Balada para os nossos filhos, Cavalo à solta (que faz parte do repertório do infanto-juvenil da Figueira da Foz, eles cantam algumas canções minhas e vamos aproveitar porque já as conhecem) ou a Tourada.”

E esta última terá particular relevância quando for cantada em Lisboa: “A Tourada foi cantada, em estreia, há 48 anos no Maria Matos, no Festival da Canção [de 1973]. Cantá-la no mesmo teatro é, para mim, é um momento histórico, tantos anos depois.” E a juntar a todas estas canções haverá outros, como Viva Brel ou Adeus tristeza, que nem foi feita com Ary. “Mas é uma festa em casa do Ary, não é uma obrigatoriedade. É uma passagem pelo repertório, mas com este acréscimo: da cantora lírica, dos coros e dos originais.”

Foto
Ary dos Santos e Fernando Tordo fotografados numa rua do Luxemburgo por António Xavier, quando Tourada foi representar Portugal na Eurovisão. Foto reproduzida na Fotobiografia de Ary, de Alberto Bemfeita, editada pela Caminho em 2003
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