O sedutor confessionário pop de Snail Mail

Três anos após a revelação com Lush, Lindsey Jordan regressa ao abrigo do nome Snail Mail com um passo sólido na sua maturidade autoral. Valentine escolhe uma direcção mais pop para acompanhar a sua exposição romântica.

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Há três anos, com a edição de Lush, Lindsey Jordan era subitamente celebrada como uma das dilectas filhas serôdias dos anos 90. As suas canções para trio de rock, lançadas sob o nom de plume Snail Mail, surgiam quase como impossibilidade anacrónica, como se o mundo continuasse a girar sobre si próprio numa altura em que Cat Power, Liz Phair, Juliana Hatfield, Letters to Cleo e Mary Timony (então nos Helium) davam os primeiros passos e Sonic Youth, Lemonheads e Pavement ainda eram entidades vivas. E eram canções que faziam crer no quanto o tédio adolescente ainda podia ser amenizado com uma guitarra no colo e uns versos rabiscados numa folha de papel. Era precisamente desse lugar de intimidade e de desconforto aberto com o mundo que vinham as canções de Lush, quando encontrávamos Lindsey a dizer-se cansada de continuar, prostrada por mais uma vaga de calor (Heat wave), ou farta das mesmas festas replicadas sem grandes variações um fim-de-semana após o outro (Pristine), atravessada quase sempre por sentimentos amorosos contraditórios, próprios da montanha-russa da idade (em que a euforia e o desespero estão separados por um breve momento).

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