Montepio Geral, uma forma diferente de Economia

Seria irrealista considerar que uma organização desta natureza e desta dimensão teria ficado imune ao ambiente de crise financeira mundial que assolou o mundo, e Portugal de forma especialmente dura.

A Associação Mutualista Montepio Geral é bem mais do que uma associação com cerca de seiscentos mil associados, ela é uma ideia de vida em comunidade.

Uma ideia que assenta na noção de que actuando todos em conjunto na prossecução de finalidades altruístas valemos mais do que o conjunto que constitui a soma de todos. E que o enfrentar das nossas vulnerabilidades nas facetas da vida que verdadeiramente contam se faz melhor se actuarmos conjugadamente em vez de cada um de per si, de forma isolada.

E que podemos fazê-lo através dum modelo organizativo diferente, privilegiando a gestão democrática e criando uma forma de economia diferente, uma forma de economia que não busca o lucro financeiro como objectivo, porque não tem capital, mas que aplica os resultados positivos que gera na melhoria dos benefícios aos associados. Por isso é economia social.

Com este conceito o Montepio cresceu muito e cresceu bem e a sua idade não significa desactualização ou desfasamento dos benefícios que oferece face às aspirações e necessidades dos associados. Antes tem demonstrado capacidade permanente de adaptação a novas realidades e a novos anseios da sociedade que serve.

Nos seus quase dois séculos de existência atravessou muitos períodos difíceis, uns por razões de conjuntura externa e outros por razões internas, como qualquer organismo vivo.

Seria irrealista considerar que uma organização desta natureza e desta dimensão teria ficado imune ao ambiente de crise financeira mundial que assolou o mundo, e Portugal de forma especialmente dura.

Seria estultícia pensar que o impacto de uma crise desta natureza iria deixar intacto o quadro regulatório de uma instituição que promove a captação da poupança das pessoas e das famílias como objectivo de as proteger contra os riscos que a vida sempre comporta.

Se as entidades, quer europeias, quer nacionais, o fizeram respeitando a identidade da associação, e esta forma de economia, é outra questão que não cabe agora analisar.

Aproxima-se um novo período eleitoral e várias são as candidaturas que se posicionam.

Por uma questão de registo de interesses, devo declarar que me candidato pela lista A ao cargo de presidente da Assembleia Geral da Associação Mutualista.

Tenho cerca de 40 anos de vida associativa e de empenho na difusão da virtuosidade do ideal mutualista, expressa em “o que é meu é teu”, a ideia de solidariedade e de partilha que o guia.

Por isso apoio uma lista que congregou nos candidatos aos seus órgãos pessoas que partiram de posições diferentes. Mas que têm, todas elas, uma característica comum: são profundas conhecedoras da instituição, dos seus problemas mas também das suas potencialidades. Que entenderam juntar esforços para, numa conjuntura difícil, dar o seu melhor para o desenvolvimento da sua associação mutualista num ambiente que conhecem bem.

Por essa razão, em contexto eleitoral não dizem o que é fácil, prometendo o que não pode ser feito. Antes prometem dar o seu melhor para fazerem o que tem que ser feito.

Vivem há muitos anos o ideal mutualista. Souberam sempre estar na associação e defendê-la quando ela tinha que ser protegida. Não se agitaram nem agitaram. Antes defenderam a instituição.

A todos preside a perfeita noção que a economia social e o mutualismo têm um novo papel a desempenhar num mundo onde o desenvolvimento sustentável é palavra de ordem e em que uma economia que serve as pessoas em vez de as instrumentalizar tem que ter um protagonismo e uma pedagogia reforçados para construção de um amanhã onde a equidade tenha o lugar estruturante na sociedade que lhe cabe.

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