Incêndio num espaço ocupado em Barcelona faz quatro mortos, incluindo um bebé

Um bebé de seis meses e um menino de três anos estão entre as vítimas, uma família que vivia há cerca de um ano numa agência bancária abandonada no centro da capital catalã.

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Um bombeiro no exterior do local do incêndio Marta Perez/EPA

Uma família de quatro pessoas, incluindo duas crianças de seis meses e três anos, morreu esta terça-feira num incêndio em Barcelona. De acordo com a imprensa catalã, os Mossos d’Esquadra (a polícia da região) estão a investigar as causas do fogo desta madrugada na antiga agência bancária da Praça de Tetúan, um local que estava ocupado e onde viviam pelo menos oito pessoas.

Os mortos ficaram encurralados no andar térreo, enquanto as quatro pessoas resgatadas com ferimentos ligeiros conseguiram refugiar-se num pátio interior situado na cave. Quando os bombeiros chegaram, o incêndio já estava muito avançado e as chamas muito intensas.

“Acordei e cheirava a fumo. Olhei a ver se tinha algo a queimar-se em casa. Depois, vi a porta do pátio interior aberta e percebi o que se passava”, contou Adriana, que vive por cima do andar que ardeu, ouvida pelo jornal El Periódico. “Pediam ajuda e não podia ajudá-los”, repete, angustiada e traumatizada com os gritos e a imagem de uma coluna de fumo tão intensa que não lhe permitia sequer aproximar-se.

O local estava ocupado por várias pessoas desde 2019 e já se tinham registado problemas de convivência: o último conflito aconteceu horas antes do incêndio, com a polícia a ser chamada para acalmar uma discussão. “Havia confusões, estavam a puxar a luz e a água. Nós, os vizinhos, já tínhamos denunciado a situação”, diz ao diário La Vanguardia Miquel Guimerà, outro residente. Gabriel, que vive no último andar, recorda que todos os dias encontrava a família na rua a brincar com os filhos.

A presidente da Câmara, Ada Colau, que esteve no local, explicou que o espaço pertencia a um banco, o Evo Banco, “que se desligou” da agência, como de outros que tinha na cidade, quando deixou Barcelona. Disse ainda que os serviços sociais do município estavam em contacto com esta família, que recebia alimentação e assistência médica, para além de o menino de três anos frequentar uma creche nas proximidades.

“É uma notícia terrível e vamos continuar a informar sobre o que se está a passar, mas não podemos especular sobre o que aconteceu”, disse Colau.

Adriana e outros vizinhos lamentam que as autoridades não tenham actuado antes para retirar dali as crianças.

Os pais, ele originário do Paquistão, ela da Roménia, viviam há uma década na Catalunha e há um ano que estavam na antiga sucursal bancária. Sobreviviam recolhendo objectos no lixo e vendendo sucata.

Nos últimos anos, houve vários incêndios graves na área metropolitana de Barcelona a afectar locais ocupados e casas com puxadas de electricidade e água, lembra o jornal El País. No caso mais dramático, em Badalona, a nordeste de Barcelona, quatro imigrantes morreram num incêndio em Dezembro de 2020. Um ano antes, quatro pessoas tinham morrido em dois fogos em casas em Badalona e no município de La Llagosta.

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