Covid-19: portuguesa acusada de furar quarentena nos Países Baixos diz ter tido luz verde para sair

A jovem portuguesa e o companheiro, que não está infectado, foram detidos no aeroporto. O Ministério dos Negócios Estrangeiros português afirmou estar a “acompanhar e em contacto com a cidadã nacional” que alegadamente terá tentado violar a quarentena.

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O hotel onde Carola Pimenta e o companheiro estavam a fazer quarentena Reuters/EVA PLEVIER

O casal acusado esta segunda-feira pelas autoridades neerlandesas de ter violado a quarentena imposta por causa da covid-19, e tentado “fugir” num voo para Espanha, afirma ter recebido autorização para sair do hotel e partir, após dois testes rápidos negativos.

Segundo a portuguesa Carola Pimenta, de 28 anos, citada pela agência espanhola Efe, a jovem e o companheiro estão “presos numa situação desumana, numa sala fria, sem informação” sobre o que vai acontecer, num hospital no norte dos Países Baixos.

Carola Pimenta garante que o casal tem sido “cooperativo em todos os momentos” e tem pedido às autoridades sanitárias holandesas para serem ambos submetidos a um novo [teste] PCR para despistar um possível falso negativo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português afirmou estar a “acompanhar e em contacto com a cidadã nacional” que alegadamente terá tentado violar a quarentena. “O Governo português, através da Embaixada de Portugal em Haia, está a acompanhar a situação e em contacto com a cidadã nacional em questão”, referiu o MNE português, em resposta a um pedido de esclarecimento da Lusa.

A polícia neerlandesa anunciou esta segunda-feira que tinha detido um casal no aeroporto de Amesterdão, no domingo, “depois de receber a informação de que duas pessoas tinham deixado o hotel onde estavam em quarentena (obrigatória) e que tencionavam deixar o país” e explicou que as tinha entregado às autoridades sanitárias.

Carola Pimenta explicou à Efe que ambos viajaram da África do Sul com um PCR negativo, feito há menos de 24 horas. “Quando me disseram que o PCR que fizemos em Amesterdão era positivo, achei inacreditável, mas compreendi e perguntei sobre as regras que tinha de seguir. Mandaram-me para um hotel para quarentena e deixaram o meu parceiro vir comigo, apesar de ainda não ter recebido os seus resultados”, contou.

O resultado de Carola Pimenta chegou à meia-noite, mas Andrés Sanz não recebeu o seu - um resultado negativo - antes das primeiras horas da manhã, explicou.

“Foi estranho porque tínhamos estado juntos durante toda a viagem. Chamei o GGD (serviço municipal de saúde), expliquei a situação e pedi-lhes que nos testassem novamente porque poderia ser um falso positivo. Disseram-nos que não, que não existe tal coisa como um falso positivo”, acrescentou.

A jovem tinha assinado um documento confirmando que tinha compreendido o protocolo a seguir e “dizia que se tivesse tido a covid-19 há menos de seis meses, teria de estar em quarentena durante três dias, e de qualquer modo já os tinha completado”, indicou.

Queixa-se de que foram “abandonados" desde que chegaram ao hotel e que ninguém lhes deu “sequer um termómetro” para monitorizar a sua temperatura, nem lhes perguntou como estavam ou se precisavam de informações de qualquer tipo, de acordo com a sua versão.

Quando o seu pedido de repetição da PCR não foi concedido, o casal solicitou ao representante do GGD no hotel um teste antigénio.

“Deram uma bicicleta a Andrés e disseram-lhe para ir comprar [os testes] ao supermercado, que podia sair porque não tinha dado positivo e que podia circular livremente. Foi tudo muito ridículo”, disse Pimenta.

Segundo a portuguesa, os dois testes deram negativo, pelo que falaram com o representante do GGD e um guarda do hotel para explicar a situação, mostrando-lhes os resultados de ambos os testes.

“E eles disseram-nos: ‘Se estivéssemos na vossa situação, sairíamos daqui’. Perguntámos-lhes se estavam a falar a sério e que se saíssemos arriscávamo-nos a arranjar problemas, e eles garantiram-nos que não. Assim, chamámos o táxi à sua frente, mostrámos-lhes o bilhete, levámos as nossas coisas e partimos para o aeroporto”.

Uma vez dentro do avião e depois de passar pelos controlos, apareceu um polícia, que - segundo a jovem - lhe disse que estava presa e que o seu companheiro podia “regressar ao seu país”, mas este decidiu não a deixar.

A portuguesa contou que os agentes levaram-nos numa carrinha da polícia para a esquadra e depois libertaram-nos sem acusação, embora uma ambulância os tenha levado para o hospital onde, de acordo com as autoridades, estão agora a fazer um “isolamento obrigatório” sob vigilância, até nova ordem.

Actualizada com informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros. 

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