Descoberto biomarcador com potencial de prognóstico da leucemia mielóide aguda

O trabalho de investigação foi distinguido com o Prémio Nacional de Hematologia, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Hematologia.

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Glóbulos brancos com leucemia mielóide aguda UNIVERSIDADE DE WASHINGTON

Cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade (i3S) da Universidade do Porto descobriram um novo biomarcador que, centrado no papel do ferro, pode potenciar o prognóstico da leucemia mielóide aguda, tendo sido distinguidos pela Sociedade Portuguesa de Hematologia.

A investigação foi publicada na revista Blood Advances, destaca o i3S em comunicado desta segunda-feira. 

A leucemia mielóide aguda, um dos tipos mais comuns de leucemia, é um tipo de tumor que afecta a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas, como os leucócitos, plaquetas e eritrócitos. Citada no comunicado, a primeira autora do artigo, Marta Lopes, salienta que a leucemia mielóide aguda é uma doença agressiva, provocada pela “proliferação descontrolada de células progenitoras mielóides na medula óssea e no sangue”.

Apesar da investigação “activa” sobre esta doença, as terapêuticas “continuam limitadas”. “Sabemos que as células da leucemia dependem de alterações genéticas específicas, mas também sabemos que existem factores extrínsecos a estas células cancerosas que determinam a sua proliferação e a resistência à quimioterapia”, observa a autora, que diz ser importante perceber o papel dos reguladores extrínsecos à doença, como o ferro.

A investigação, que recorreu a amostras de pacientes do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e a modelos pré-clínicos de ratinho, descobriu que, no momento do diagnóstico, a leucemia mielóide aguda é uma doença que “apresenta um perfil de ferro único”.

Os modelos pré-clínicos de ratinhos permitiram ainda concluir que “as células de leucemia acumulam ferro e que existe uma perda de eritroblasto devido à redistribuição de ferro”. “Também observamos um aumento da sobrevivência em pacientes com níveis de saturação da transferrina elevados ao diagnóstico”, refere Marta Lopes, acrescentando que os resultados permitem uma “maior compreensão do papel do ferro” e apontam a saturação de transferrina como “potencial marcador de prognóstico”.

Os resultados do estudo poderão também “abrir portas a potenciais novas terapias, através de mais estudos que explorem os mecanismos subjacentes ao potencial efeito antileucémico do ferro”.

A investigação foi distinguida com o Prémio Nacional de Hematologia de 2021, no valor de 25 mil euros, da Sociedade Portuguesa de Hematologia. O valor do prémio permitirá a execução de projectos em desenvolvimento nesta área a decorrer no grupo de investigação Hematopoiese e Microambientes do i3S.

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