Enquanto houver Díaz continuará a haver FC Porto

Os portistas bateram o Vitória de Guimarães, no Dragão, e recuperaram a liderança da I Liga. Luis Díaz voltou a ser decisivo.

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EPA/MANUEL FERNANDO ARAUJO

O triunfo bizarro do Benfica frente à Belenenses SAD, em 11 contra nove e com apenas meia parte jogada, colocou os “encarnados” na liderança da I Liga, mas a honra durou apenas algumas horas. O FC Porto venceu neste domingo o Vitória de Guimarães, por 2-1, e recuperou o “trono” do campeonato nacional, com os mesmos 32 pontos do Sporting e mais um do que o Benfica.

No Estádio do Dragão, FC Porto e Vitória – até ver, afastados da nuvem de covid-19 que já assola outras equipas – puderam jogar muito tempo 11 contra 11. E, nesses moldes, o futebol português recuperou o que tinha perdido um dia antes, no Estádio do Jamor.

Foi um jogo bastante rico a vários níveis, começando por detalhes tácticos, passando pela alta intensidade, pelas oportunidades de golo e pelos três golos marcados e acabando nos recortes técnicos.

Nesse domínio, houve Luis Díaz. E se há Díaz dificilmente não há FC Porto, tal é o nível a que tem jogado o colombiano, que marcou um golo tremendo que empurrou o FC Porto para um triunfo que estava espinhoso.

Minhotos marcaram primeiro

No Dragão, o Vitória recusou apostar num bloco baixo e “despejar” bolas na frente. A equipa minhota, que pressionava a saída portista com muitos jogadores, tinha vários craques com qualidade técnica e nunca abdicou de sair em posse. E isso provocou-lhe calafrios permanentes, com várias perdas de bola por parte dos médios em fase de criação – logo no primeiro minuto, por exemplo, Otávio fico perto do golo.

Sabendo que seria esta a matriz do Vitória, o FC Porto não foi uma equipa que tentasse necessariamente ferir em ataque posicional, com muitos atacantes em zonas de finalização, até pela falta da magia de Vitinha na fase de criação.

Apostou, então, em explorar a profundidade – não era, porém, pela via tradicional. O FC Porto bateu várias bolas aéreas, mas, em vez de explorar o espaço, notou-se clara preocupação em ganhar, isso sim, a segunda bola.

Não atacando a primeira, tinha mais jogadores para aproveitar o espaço entre os médios e os centrais minhotos, cujos cortes pelo ar careciam de luta posterior pelos jogadores do meio-campo.

Com esta abordagem incomum, o FC Porto criava um engodo para poder, após a tal segunda bola, atacar a defesa vitoriana de frente, em velocidade. Numa dessas jogadas, Taremi não conseguiu finalizar isolado.

Do lado contrário, o Vitória, mesmo querendo ter a bola na fase de criação, desenhava as jogadas sobretudo para transições. Rochinha e Bruno Duarte, aos 18’ e 21’, tiveram bons lances de golo por esta via, antes de, numa fase mais “morna” do jogo, Edwards ser carregado na área. Penálti assinalado (com ajuda do VAR) e golo do inglês, aos 35’.

Pouco depois, um erro individual, conjugado com sagacidade portista, deram o empate. João Ferreira estava fora de posição e, sem o lateral a marcar Luis Díaz, o FC Porto bateu rapidamente a bola para o colombiano.

Nesse momento, toda a gente, no estádio ou pelo televisor, sabia o que ia acontecer – o problema é impedi-lo. Díaz haveria de receber, correr, driblar da direita para dentro e rematar em arco. Fez tudo isso e marcou um golo tremendo, o décimo na I Liga.

O empate era um resultado com lógica, pelos lances de golo de parte a parte (em bolas paradas, ainda houve um lance de Bruno Duarte, que falhou isolado, e de Evanilson, que permitiu defesa a Varela, além de um golo anulado a Taremi).

Magia de Vitinha

Para a segunda parte, Sérgio Conceição chamou Vitinha e o seu pé direito, do qual poderia sair a criatividade que por vezes pareceu faltar aos portistas, bem como maior amplitude nos espaços que ocupa (o cartão amarelo a Sérgio Oliveira também terá contribuído para a opção).

Depois de uma primeira parte em que apareceu muito no corredor esquerdo, Taremi aproveitou a presença de Vitinha, um médio mais associativo, para dar mais apoios frontais e ser mais relevante entre linhas.

E foi também nessa zona que provocou a expulsão de Mumin, por segundo amarelo, numa falta sofrida à entrada da área que acabou por dar remate de Vitinha e defesa de Varela.

A jogar com dez, o Vitória teve de fazer o que queria evitar: baixar o bloco e defender como podia. Nesse pressuposto, a presença de Vitinha foi ainda mais relevante para “inventar” soluções dentro do denso bloco minhoto. Aos 60’, o médio encontrou Díaz, que aproveitou o desposicionamento do Vitória para soltar Otávio, que por sua vez assistiu Evanilson para uma finalização fácil.

A partir daqui, pouco havia a fazer para a equipa de Pepa. O jogo, já difícil por si só, estava quase perdido para uma equipa em inferioridade numérica e não havia nuance táctica que salvasse a formação minhota. Tratava-se, nesta fase, de tentar ocupar espaços e manter o jogo em aberto enquanto fosse possível, esperando uma transição ou uma bola parada. Corona, aos 89’, e Manafá, aos 90’, foram os que estiveram mais perto de “matar” o jogo.

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