Eunice Munõz agradece ao público que a acarinhou ao longo de 80 anos de carreira

A actriz, de 93 anos, voltou ao Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa, no dia em que assinala 80 anos desde que se estreou neste palco com Vendaval.

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Eunice Muñoz: "Decidi que era altura de passar o testemunho e de ver continuado o sonho do teatro pela minha neta Lídia" PAULO PIMENTA

A actriz Eunice Muñoz agradeceu este domingo ao público que a “acarinhou e aplaudiu” ao longo dos seus 80 anos de carreira, dizendo que foi feliz, e deixou uma palavra de coragem aos seus colegas de profissão. A actriz, de 93 anos, voltou ao Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa, no dia em que assinala 80 anos desde que se estreou neste palco.

Oito décadas depois da estreia profissional com Vendaval, Eunice Muñoz subiu ao palco com a neta, Lídia Muñoz, para representar A margem do tempo, a peça com que se despede da carreira que iniciou aos 13 anos, precisamente nos palcos do D. Maria II no papel de Isabel em Vendaval, de Virgínia Vitorino numa encenação de Amélia Rey Colaço.

No final da sessão, a que assistiram o primeiro-ministro, António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi prestada uma homenagem à actriz, que fez um pequeno discurso. “Este teatro foi a minha casa durante muitos anos, fui feliz no palco, em tudo o que cá fiz”, afirmou. A actriz fez questão de referir a sua avó Augusta, de quem acha “ter recebido o talento”, os seus pais, que a “encaminharam no caminho do teatro, gente que levava o sonho a cada sítio por onde passava” e ainda a sua mestre, Amélia Rey Colaço. E deixou também uma palavra à neta, apontando que lhe passa o testemunho “com a certeza de que continuará com a mesma exigência e talento”. “Agradeço sobretudo a vocês, ao público, que me acarinhou, que me aplaudiu desde que comecei até agora que comemoro os meus 80 anos de carreira”, salientou.

A todos os colegas deixou um “agradecimento e uma palavra de coragem, para que continuem”. “Porque o teatro precisa de nós, de  nós no palco e de vocês que recebem o melhor que temos para dar”, acrescentou, defendendo que o teatro mostra que “apesar dos dias estranhos e difíceis, o belo continua a existir”.

O director artístico do Teatro D. Maria II, Pedro Penim, agradeceu o regresso de Eunice Muñoz a este palco, a “sua casa”, e apontou que a sua presença “é um hino maravilhoso, é um hino ao teatro, é um hino à vida. Porque a Eunice é isso" tudo.

Enquanto decorria a homenagem, foram projectadas numa tela no palco 80 fotografias da actriz ao longo da sua carreira.

Estreada em Abril deste ano em Oeiras, no auditório municipal com o nome da actriz, e depois de uma digressão por várias cidades portuguesas, a peça A margem do tempo - com texto do alemão Franz Xaver Kroetz, música original de Nuno Feist e encenação de Sérgio Moura Afonso - voltou ao palco onde se estreou, para nove representações, de 3 a 26 de Setembro. A peça revela-se “uma longa didascália”, “sem monólogo e sem diálogo”, no qual a senhora Rasch, personagem partilhada pelas duas actrizes, convida os espectadores a assistirem a um final de tarde num dos seus dias repetidos, igual a todos os anteriores.

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